Fruta nativa do Cerrado, a guabiroba quase desapareceu na cidade de São Paulo

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Tempo de guabiroba era a alegria de muitos paulistanos no passado. Os campos cerrados, nativos na cidade, ficavam com arbustos repletos dessa pequena goiabinha amarela de casca lisa, muito doce e não enjoativa, e bem diferente de seus primos goiaba e araçá.

Com o crescimento da metrópole nos últimos 50 anos, os campos cerrados praticamente desapareceram, e com eles, os pés de guabiroba (Campomanesia pubescens), já que é fruta “do mato” e não cultivada. Assim, sobreviveu na memória da infância dos mais velhos.

Com a moda crescente de plantas estrangeiras nos jardins e paisagismo, hoje é uma super raridade. Em São Paulo, você pode experimentar itens como trufas negras ou caviar beluga,  mas guabiroba não, por mais dinheiro que tenha.

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Onde sobrou os arbustos de guabiroba em São Paulo? Julgo que menos de 20 exemplares na malha urbana, espalhados nos trechos de cerrado do Campus da USP no Butantã (vários foram destruídos nesse ano pela absurda obra do Centro de Convenções), no Parque do Carmo e em um grande terreno baldio no bairro do Morumbi, perto do Clube Paineiras.

Coletamos uma pequena parte desses frutos (70% ficou para a fauna manter a espécie) e plantamos em nosso viveiro. Se der certo, a ideia é levá-la de volta para alguns parques da metrópole e reapresentá-la aos paulistanos.

Um pé de guabiroba muito antigo, sobrevivente da época em que toda a região do Butantã e Morumbi eram campos cerrados nativo nos campos cerrados paulistanos

Um pé de guabiroba muito antigo, sobrevivente da época em que toda a região do Butantã e Morumbi eram campos cerrados 

Ricardo Cardim

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Bromélias, orquídeas e outras epífitas nas copas das árvores centenárias paulistanas – relíquias de uma Mata Atlântica desaparecida

Na Zona Sul

Na Zona Sul, no bairro da Granja Julieta, vive isolada esta centenária copaíba, repleta de epífitas nativas na copa. Trata-se de uma sobrevivente da  Mata Atlântica das margens do Rio Pinheiros e hoje está em um terreno privado.

Árvores muito antigas na Mata Atlântica costumam ter uma complexa biodiversidade nas suas copas, que formam um outro “andar de floresta” constituída por plantas epífitas – que não são parasitas – e abrigam uma fauna especializada. São orquídeas, bromélias, cactos, imbés, samambaias e várias outras aproveitando o microclima e a luminosidade proporcionados pela árvore.

Da vegetação original da cidade de São Paulo – que em um passado não muito distante – era formada por densas florestas em forma de capões (ilhas), sobreviveram algumas árvores seculares.  Muitas vezes as únicas remanescentes de uma floresta com milhares de árvores. Exemplos são as raras copaíbas e jequitibás-brancos eleitas na campanha “Veteranas de Guerra” da SOS Mata Atlântica.

Poucos desses já escassos exemplares antigos tem na sua copa uma grande diversidade de epífitas nativas, que representam as últimas sobreviventes das florestas paulistanas. É como se uma árvore fosse capaz de suportar um “micro mundo” repleto de pequenas raridades biológicas, que já perderam todos os outros da mesma espécie na metrópole, e são os últimos repositórios da genética paulistana.

Essas “relíquias da biodiversidade” infelizmente seguem não pesquisadas e ameaçadas pelo desconhecimento, e poderiam gerar ótimos trabalhos de pesquisa acadêmica, além da possibilidade de serem reproduzidas e reintroduzidas na metrópole.

Copa

Copa com inúmeras espécies diferentes.

No Colégio Friburgo, Avenida João Dias, Zona Sul,

No Colégio Friburgo, Avenida João Dias, Zona Sul, ainda existem várias bromélias hoje raras na metrópole sobre essa secular copaíba.

O jequitibá-branco do Parque Trianon também reserva uma biodiversidade p´ropria e não observada nas outras árvores antigas do Parque

O jequitibá-branco do Parque Trianon também reserva uma biodiversidade própria e não observada nas outras árvores antigas do Parque

Ricardo Cardim

****POST NÚMERO 350 ****

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Nascentes de água, trechos de Cerrado, Mata Atlântica e antigos caminhos indígenas e de tropeiros – o necessário Parque Fonte Peabiru em São Paulo

Seculares, os arcos de pedra resistem junto com a água limpa ao descaso e ameaças.

Seculares, os arcos de pedra resistem junto com a água limpa ao descaso e ameaças.

Na mais severa seca da cidade de São Paulo a água continua correndo, transparente, entre dois arcos antigos de pedras, obra provavelmente do século XVIII. Em volta, um grande terreno de 39.000 m² repleto de árvores da Mata Atlântica e trechos de Campos Cerrados em meio ao adensado bairro do Butantã na Zona Oeste.

Esse cenário, em uma cidade preocupada com sua água, meio ambiente e história, certamente seria um parque público para toda a população, mas segue abandonado e ameaçado por lixo, invasões e lançamentos imobiliários, embora o terreno seja tombado desde 2012. 

Estudos realizados pela Associação Cultural do Morro do Querosene, que lutou e conseguiu o tombamento do terreno, mostram que possivelmente nessa área existia um ponto de parada de bandeiras e tropeiros na nascente, que fazia parte do antigo caminho indígena do Peabiru, esse anterior ao século XVI.

Observando atentamente a construção dos arcos em pedra que abrigam a nascente e comparando com construções históricas paulistanas ainda existentes, fica nítido que ele pertence a outra época, colonial. Prospecções arqueológicas futuras naquele local poderão certamente fornecer pedaços importantes do passado de São Paulo e Brasil.

Trecho de Cerrado tipo "Campos de Piratininga" que margeiam o terreno da nascente. Paisagem secular.

Trecho do raro Cerrado tipo “Campos de Piratininga” que margeiam o terreno da nascente. Paisagem secular. A planta florida à direita é um araçá-do-campo (Psidium guineense), arbusto frutífero que nomeou o caminho e depois cemitério do Araçá. O capim em floração, uma espécie que quase desapareceu da metrópole (Andropogon leucostachyus) .

Outro aspecto valioso do terreno para a história e meio ambiente da metrópole são trechos preservados de campos cerrados, remanescentes dos antigos “Campos de Piratininga” vegetação nativa que nomeou São Paulo nos primeiros séculos, e que resgatam as paisagens que os antigos viajante de séculos atrás vivenciaram quando paravam na bica.

Argumentos, água e fatos não faltam para justificar a desapropriação da área e entregar esse parque público interessantíssimo e fundamental para a população, o Parque das Fontes do Peabiru.

Na cidade que corre o risco de secar, água limpa em abundância.

Na cidade que corre o risco de secar, água limpa em abundância.

Outra surpresa no terreno - um pomar centenário com as maiores mangueiras que existem na cidade de São Paulo

Outra surpresa no terreno – um pomar centenário com as maiores mangueiras que já vi na cidade de São Paulo, e que estavam carregadas de frutos. Sobreviventes possivelmente de uma antiga chácara do local.

Para mais informações sugiro o site:

DEFESA DO TOMBAMENTO

Endereço do local:

Entre a Avenida Corifeu de Azevedo Marques, Rua Santanésia e Rua Padre Justino (no começo dessa rua tem uma curta rua sem saída com um pequeno portão, a rua da fonte, que acessa o local).

Meus agradecimentos ao pessoal do Rios e Ruas e a Associação Cultural do Morro do Querosene.

Ricardo Cardim

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Pavilhão Japonês do Ibirapuera ganha jardim com plantas raras e em extinção

Na semana da Árvore, São Paulo vai ganhar de presente um jardim feito exclusivamente com espécies nativas da Mata Atlântica e Cerrado do Município, incluindo espécies raras e em extinção. A área verde tem uma proposta simbólica, representar a amizade entre o Brasil e Japão.

Jardim nativo no Pavilhão Japonês do Ibirapuera - projeto de Ricardo Cardim

Comemorando os 60 anos do Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera, o jardim brasileiro foi projetado e realizado por nossa equipe e viabilizado com patrocínio da Honda, e fica em frente ao jardim Zen típico do Japão, procurando trazer a união das terras, das duas paisagens distintas que se tornaram familiares para ambos os povos.

Após uma longa jornada pelos oceanos, os imigrantes japoneses encontraram  no Brasil de mais de um século atrás, um outro mundo, ainda coberto pela exuberante Mata Atlântica e Cerrado, de aspecto tão diferente das paisagens do Japão. Novas plantas e animais em um grande território praticamente desconhecido, até mesmo para os  brasileiros. Nessas terras criaram fortes raízes, aqui simbolizadas nos dois jardins, que representam a amizade entre as nações.

Entre as plantas utilizadas, temos:

cambuci (Campomanesia phaea) – árvore frutífera da Mata Atlântica que já foi muito comum nos antigos pomares. Seus frutos em forma de “disco-voador” são perfumados e suculentos.

palmeira-prateada (Lytocarium hoehnei) – essa rara e bela palmeira só existe originalmente na região metropolitana de São Paulo e está ameaçada de extinção devido a urbanização. Vive nas áreas sombreadas da Mata Atlântica, e no Jardim Honda temos 3 exemplares cultivados em viveiro a partir de sementes.

araçá-do-campo (Psidium guineense) é uma das frutas que os japoneses encontraram nos Cerrados do Estado de São Paulo e que desapareceram com o crescimento das cidades e atividades agropecuárias.

língua-de-tucano (Eryngium paniculatum) – Essa estética planta do Cerrado já recobriu a paisagem paulistana nos antigos “Campos de Piratininga” e hoje restam somente algumas dezenas na metrópole. O fundador de São Paulo, Pe. Anchieta, fazia alparcatas com ela no distante século XVI.

Jardim no Pavilhão Japonês do Ibirapuera - foto de Ricardo Cardim

Em primeiro plano, o Jardim Zen,  e atrás o Jardim Brasileiro, unidos por uma ponte entre os pavilhões.

 Ricardo Cardim
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Dia da Árvore – o Palmito jussara cada vez mais comum nos jardins paulistanos

Palmito em rua paulistana

Palmito em rua paulistana

Comemorando o dia da árvore, homenageamos uma árvore “guerreira” da Mata Atlântica, o palmito-jussara (Euterpe edulis), que produz frutos para boa parte da fauna da floresta e infelizmente ainda continua sendo explorada clandestinamente no seu meio acima de sua capacidade de sobrevivência. Para se obter o tão apreciado palmito jussara na culinária, é preciso matar a árvore cortando a parte entre o final de seu estipe (tronco) e começo das folhas.

Mas a boa notícia para o palmito-jussara é que ele está voltando para os projetos de paisagismo, principalmente nos novos edifícios corporativos. Muitos novos jardins estão recebendo a espécie, o que certamente ajudará na sua propagação para outras áreas verdes da malha urbana e é uma escolha muito mais sustentável perante modismos estrangeiros como a palmeira-triângulo e seafórtia.

Uma dica importante é sempre plantar o palmito em grupo ou perto de outras plantas para se ter um ambiente úmido e com meia-sombra, principalmente na fase jovem. A Mata Atlântica e pássaros como o tucano-de-bico-verde agradecem.

Palmito jussara criminosamente recém-cortado na Mata Atlântica da Serra do Mar

Palmito jussara criminosamente recém-cortado na Mata Atlântica da Serra do Mar

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Na Folha de São Paulo: USP derruba vegetação de cerrado após prometer ‘museu vivo’ na área

cerrado usp folha 2014

O que o Blog alertou em 29 de maio, saiu na edição impressa no último sábado.

LINK PARA BAIXAR O PDF DA MATÉRIA:

USP Cerrado devastação 2014

Abaixo, confira em três tempos a destruição de importantes trechos do cerrados tipo “Campos de Piratininga” e de trechos do “Butantã”, chão duro em Tupi, ocorrido na obra do Centro de Convenções da USP.

Cerrado tipo "Campos de Piratininga" no ano em que a USP decretou a área como 'museu vivo'

2012: Cerrado bem preservado tipo “Campos de Piratininga” – USP decretou a área como ‘museu vivo’

Trechos de terra naturalmente expostos no Cerrado, o que nomeou o bairro de Butantã - "chão duro" em Tupi

2012: Trechos de terra naturalmente expostos no Cerrado, o que nomeou o bairro de Butantã – “chão duro” em Tupi

O mesmo local hoje, 2014, com o cerrado destruído por um aterro e barracão.

Em 2014 com o barracão construído exatamente sobre os lugares das fotos acima

Depois da destruição, o absurdo - plantio de árvores genéricas de Mata Atlântica onde antes era um Cerrado raríssimo para a história e meio ambiente da cidade de São Paulo

Julho 2014 – Depois da destruição, a patética tentativa de “recuperação” e o absurdo – um plantio de árvores genéricas de Mata Atlântica onde antes era um Cerrado raríssimo para a história e meio ambiente da cidade de São Paulo. Mesmo que tenha sobrado alguma planta de Cerrado aí, ela morrerá no futuro devido ao sombreamento das árvores de outro bioma.

 

Ricardo Cardim

 

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O eucalipto centenário foi sufocado pelo asfalto em São Paulo

No bairro do Campo Belo, Zona Sul, vive um exemplar de eucalipto com aparência de centenário, sobrevivente da já distante época rural do bairro. De porte impressionante e vigoroso, convivia em harmonia com as construções vizinhas que cresceram a sua volta ao longo do tempo. Nesse mês, a harmonia foi quebrada por um infame asfaltamento de precisão milimétrica em volta da antiga árvore, que impermeabilizou seu entorno e excluiu a possibilidade de ele obter água da chuva, oxigênio nas raízes e nutrientes.

Impermeabilização impecável

Impermeabilização impecável

Tal ato não tem justificativa e deveria ser corrigido imediatamente, sob pena de perdermos uma árvore centenária importante não somente para os serviços ambientais e história de um bairro, mas para toda a metrópole paulistana.

Vista do outro lado da rua.

Vista do outro lado da rua.

Ricardo Cardim

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Aléia de palmeiras em frente ao Parque Burle Marx está sendo arrancada

palmeiras burle marx - foto de ricardo cardim

Mais um atentado ao Parque Burle Marx, no Panamby, Zona Sul. Agora, além da ameaça de destruição da biodiversidade rara dos brejinhos e Mata Atlântica em frente do parque por edifícios, são as dezenas de palmeiras-imperiais plantadas há cerca de duas décadas que estão sendo removidas rapidamente nessa semana.

palmeiras burle marx - foto de ricardo cardim 2

Mesmo que sejam transplantadas – o que sempre é um risco para a sobrevivência dos exemplares, ainda mais nessa época de seca – perde-se a última paisagem bela e verde do lado direito das poluídas e congestionadas marginais do Rio Pinheiros. A aléia das palmeiras já fazia parte da vida de quem mora na região.

Se as promessas de “demolição” dessa preciosa região verde continuar nesse ritmo, em menos de 5 anos teremos apenas uma pequena ilhota de vegetação cercada por enormes grupos de edifícios com paisagismo exótico e ainda emoldurados por uma ponte de concreto semelhante ao horroroso viaduto “Diário de São Paulo” do parque Dom Pedro.

palmeiras burle marx - foto de ricardo cardim 3

 

Projeto da nova ponte da região que está em andamento.

 

Ricardo Cardim

 

 

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Depois da tragédia, a centenária figueira da Mata Atlântica em Santo André foi assassinada.

figueira do parque celso daniel em santo andré - foto de Luciano Hernandes


No Parque Celso Daniel, em Santo André, São Paulo, no final sobrou para a árvore a culpa pelo descaso da sua manutenção que culminou na queda de um grande galho e morte de uma frequentadora em 2011. Árvore tombada pelo Condephaat e patrimônio cultural da cidade, a figueira era um ponto turístico no parque, com 20 metros de altura, copa de 40 metros de diâmetro e raízes com extensão de sete metros.

Ainda em 2011 o Departamento de Parques e Áreas Verdes realizou a poda drástica do exemplar, que obviamente culminou na sua sentença de morte “em pé” como podemos observar nas fotos abaixo enviadas pelo nosso leitor Luciano Hernandes. Situação infelizmente típica no Brasil para a arborização urbana: se ocorre a queda de uma árvore ou um galho, a culpa é sempre do vegetal, e nunca das podas equivocadas, falta de manutenção, negligências, fiação elétrica aérea, cimentação do colo, etc, etc…

É possível verificar pelas fotos, que não há ocos nos troncos cortados pela podas.

É possível verificar pelas fotos, que não há ocos nos galhos cortados pela podas.

figueira do parque celso daniel em santo andré - foto de Luciano Hernandes 3

O raro exemplar está completamente morto e em franco apodrecimento. Note as raízes tabulares típicas das figueiras nativas centenárias.

figueira do parque celso daniel em santo andré - foto de Luciano Hernandes 4

Monumento ao descaso histórico com o verde no Brasil

Abaixo, fotos da figueira centenária antes da poda que a matou:

figueira do parque celso daniel em santo andré - antes

figueira do parque celso daniel em santo andré - antes 2

Ricardo Cardim

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Árvores centenárias “Veteranas de Guerra” da Mata Atlântica na Praça da República

Novas “Veteranas de Guerra”  em pleno centro da cidade de São Paulo. São duas árvores nativas da Mata Atlântica que provavelmente tem mais de um século de vida e foram plantadas na implantação da Praça da República. Uma, figueira-brava, aparentemente Ficus organensis, apresenta um tamanho impressionante com cerca de 20 metros de altura e ampla copa que fica nas margens do laguinho. O interessante desse exemplar é que diferente das outras figueiras antigas da mesma espécie na metrópole, essa tem uma formação típica florestal, com tronco comprido, reto e copa somente no alto do dossel.

Figueira-brava centenária

Figueira-brava centenária

Tronco da figueira-brava

Tronco da figueira-brava

A outra, um jequitibá-rosa (Cariniana legalis), apresenta o porte típico da espécie, e copa bem formada. É a árvore símbolo do Estado de São Paulo e na metrópole temos outro de tamanho parecido na Praça Coronel Fernandes, também no centro.

O jequitibá-rosa em sua formação típica.

O jequitibá-rosa em sua formação típica.

Antes de se tornar um espaço ajardinado no começo do século passado, a Praça da República era conhecida principalmente como “Largo dos Curros” devido a prática de touradas e circos de cavalinhos no local. Interessante a escolha de espécies típicas da Mata Atlântica em uma época de moda européia na arborização, e pena que isso não prosseguiu e hoje essas duas espécies sejam raríssimas na cidade de São Paulo.

Abaixo, fotos das três épocas distintas da Praça da República, de terreiro a ilha de verde em meio ao concreto.

 

Para conhecer outras árvores veteranas de guerra acesse o site da campanha junto a SOS Mata Atlântica e compartilhe essas raridades ameaçadas:

http://www.veteranasdeguerra.org

 

Ricardo Cardim

 

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Novas árvores na Avenida dos Bandeirantes e o certo e o errado lado-a-lado

Novas mudas na Avenida dos Bandeirantes.

Novas mudas na Avenida dos Bandeirantes.

Recentemente a tumultuada Avenida dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo, recebeu algumas novas mudas de árvores no seu canteiro central. Mesmo não sendo na melhor época, já que estamos em plena seca e as árvores precisarão de irrigação periódica para sobreviver, é um alento para a poluída região.

O amplo canteiro das novas mudas ao lado das antigas.

O amplo canteiro das novas mudas ao lado das antigas.

A curiosidade ficou pelo seguinte: porque será que os paus-ferros que já viviam no local também não tiveram o mesmo tratamento das novas mudas de ter um amplo espaço sem cimento em volta? A situação ficou típica dos cuidados com a arborização urbana da cidade, o certo e o completamente errado convivendo lado-a-lado, sem nenhuma justificativa óbvia. Já que abriram o concreto para as mudas, porque não abrir também para as árvores vizinhas e sufocadas?

Pau-ferro (Caeasalpinia ferrea) completamente enforcada pelo concreto.

Pau-ferro (Caeasalpinia ferrea) completamente enforcada pelo concreto.

Pau-ferro enforcado e só piorando conforme cresce...

Pau-ferro enforcado e só piorando conforme cresce…

Os paus-ferros que estão cada vez mais enforcados pelo concreto, serão, certamente em um futuro próximo, fortes candidatos à queda em tempestades e causadores de sérios transtornos na movimentada avenida.

Ricardo Cardim

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USP destrói raro Cerrado em São Paulo que havia sido prometido “Museu Vivo” em 2011

Surreal: Trecho onde existia um raro Campo Cerrado nativo da Cidade de São Paulo foi tratorado e recebeu o plantio de mudas de árvores de outro Bioma.

Surreal: Trecho onde existia um raro Campo Cerrado nativo da Cidade de São Paulo foi tratorado, arrasado e recebeu um galpão e o plantio de mudas de árvores de outro Bioma por cima.

Em 2011 iniciou-se na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo um polêmico conjunto de obras para o “Parque dos Museus” e o novo Centro de Convenções da Universidade. O local escolhido foi uma extensa mancha de vegetação abrigada próxima a Faculdade de Veterinária, o que provocou diversos protestos.

No local existia facilmente à vista dos passantes muitas árvores exóticas (de origem estrangeira) e muitas também invasoras, e isso foi usado como justificativa como atenuante para os cortes, como pode ser conferido nas matérias abaixo:

Esclarecimento sobre o corte de árvores no campus de SP

http://www.usp.br/imprensa/?p=14460

Corte de árvores no novo Centro de Convenções e Parque dos Museus – USP

http://www.youtube.com/watch?v=5N3dspshhms

O que não se sabia ou não se levou em consideração foi a existência de uma área nos fundos do terreno, e mais escondida da visão do público, que abrigava uma vegetação ancestral e praticamente extinta na cidade de São Paulo: os Campos-Cerrados. Essa formação nativa, de grande biodiversidade, já existiu em profusão na metrópole, a ponto de nomear bairros como “Campo Belo” e “Perdizes”, e principalmente a cidade nos seus primórdios, de “São Paulo dos Campos de Piratininga” em alusão a essa vegetação.

Embora estudada por importantes botânicos da USP como o professor da Politécnica Dr. Alfred Usteri em 1911 (personalidade que nomeou a 1° Reserva Municipal de Campos Cerrados de São Paulo no Jaguaré em 2010), pelo professor da Botânica da USP, Dr. Aylthon Brandão Joly no Butantã em 1950 (que nomeia um edifício na Botânica do ICB – USP) e pelo fundador do Jardim Botânico de São Paulo, Frederico Hoehne em 1925 no Ipiranga, foi desaparecendo do território da cidade e da vista de seus habitantes.

Recentemente, o “Livro Vermelho das Espécies Vegetais Ameaçadas do Estado de São Paulo” publicado pelo Instituto de Botânica em 2007 mostrou a importância dessa vegetação no trecho – “Os resultados obtidos evidenciam o destaque da região abrangida pelo município de São Paulo, tanto no que se refere à grande concentração de espécies ameaçadas em todas as categorias, quanto no que se refere à quantidade de espécies já extintas, … a intensa degradação ambiental que o município sofreu desde o período colonial, incluindo a remoção de florestas e a ocupação do solo de forma desordenada, com pouca ou nenhuma preocupação com a conservação dos ecossistemas naturais, especialmente os campos que, ainda hoje são negligenciados apesar de serem ecossistemas com flora particular e biodiversidade considerável.”

Descoberta a existência dessa rara vegetação em profusão nas margens da grande escavação, a Reitoria da Universidade foi alertada. Cientes do fato, e com ampla divulgação nos meios de comunicação como uma página inteira no Jornal O Estado de São Paulo, de domingo, 16 de outubro de 2011, não houve outra saída a não ser paralisar as obras e divulgar que a área seria preservada, com a criação de um “Museu Vivo do Cerrado na capital” nos entornos da obra que conservavam a vegetação.

A Coordenação de Gestão Ambiental da USP na ocasião afirmou ao jornal “ Vamos agora transplantar toda a vegetação de cerrado que ainda está na área das obras para as novas reservas que vamos criar nesse entorno”. A inauguração do “museu vivo” foi prometida para o dia 7 de dezembro de 2011, fato que não se cumpriu.

USP vai criar um “museu vivo” do cerrado na capital – O Estado de S. Paulo:

https://arvoresdesaopaulo.files.wordpress.com/2010/08/ricardo-cardim-cerrado-da-usp.pdf

Jornal do Campus – USP:

http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2012/04/obras-no-campus-ameacam-especies-raras-de-vegetacao/

A vegetação de cerrado que foi removida das obras para transplante não aguentou e a maioria perdeu-se, mas o entorno da obra continuou com as raríssimas plantas típicas dos antigos “Campos de Piratininga” e agora supostamente asseguradas pela criação do “Museu Vivo”. Nessa área a vegetação típica de Cerrado encontra-se em alguns trechos misturada com uma planta invasora nativa, a samambaia-do-campo, que pode ser facilmente manejada para o retorno dos Campos Cerrados típicos.

Em 2012 o Jornal USP Destaques, um boletim de imprensa da Reitoria da USP,  trouxe uma notícia animadora: declarava através da portaria n° 5.648 de 05 de junho de 2012 assinada pelo Reitor João Grandino Rodas, a preservação de duas áreas no Campus da capital, uma área de 10.000 m² (supostamente os campos cerrados em volta da obra como prometido) e outra, de mesmo tamanho e próxima ao ICB com também campos-cerrados, como “…caráter de preservação permanente e destinadas apenas à conservação , restauração, pesquisa, extensão e ao ensino… denominadas Reservas Ecológicas da USP”.

 

USP Destaques – “USP declara mais de mil hectares de seus campi como reservas ecológicas”

http://www.usp.br/imprensa/wp-content/uploads/Destaque-61.pdf

Entretanto, não foi o que ocorreu nesse terreno. As obras prosseguiram e acabaram destruindo outras parcelas importantes de campos cerrados, incluindo uma (foto abaixo) com um excelente grau de conservação e que não encontrava semelhança a nenhuma outra área natural de campos-cerrados na malha urbana paulistana. Uma paisagem extinta – relíquia da história ambiental paulistana

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - todos os direitos reservados

Espécies de plantas nativas totalmente ligadas a história da cidade e que sobreviveram a poucas dezenas de exemplares na metrópole, como o arbusto frutífero araçá-do-campo, que nomeou o antigo “Caminho do Araçá” e depois “Cemitério do Araçá” e a língua-de-tucano, uma bela planta que o Padre Anchieta utilizava para fazer alparcatas, e muitas outras, começaram a sofrer diretamente o impacto das obras, e foram arrancadas ou esmagadas.

Para conhecer as plantas dessa vegetação, suas flores e frutos:

https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/fotos-plantas-do-cerrado/

Em 2014 recebi de Daniel Caballero, um artista plástico que desde 2011 pesquisa e  retrata a biodiversidade ancestral paulistana em suas obras, uma notícia inesperada para o prometido “museu vivo” da Universidade de São Paulo: que estavam destruindo com tratores os remanescentes dos campos-cerrados nos entornos da obra.

Indo recentemente ao local com Daniel Caballero o cenário foi assustador, ainda mais considerando o local do ocorrido. Cerca de 40% da vegetação “relíquia” de campos cerrados que haviam sobrevivido tinham sido totalmente arrasadas – tratoradas literalmente –  e receberam o plantio de mudas de árvores em desenho geométrico (aparente e absurda “compensação ambiental” em cima de uma vegetação raríssima). Outra extensa parte virou o refeitório e chuveiros dos funcionários da obra. Perdeu-se para sempre espécies nativas e material genético únicos na cidade de São Paulo e não se sabe que destino terão os outros 60% da área de campos cerrados que restaram.

Local ainda com os campos cerrados preservados retratados por Daniel Caballero.

Local ainda com os campos cerrados preservados retratados por Daniel Caballero.

Acima, desenho de 2011 do artista Daniel Caballero retratando o aspecto dos campos cerrados da USP (ao fundo o vazio do buraco causado pela obra na época), que já foi exposto no MASP. Abaixo, o mesmo local retratado hoje, 2014, com um enorme barracão e aterro sobre a vegetação em extinção.

O mesmo local hoje, 2014, com o cerrado destruído por um aterro e barracão.

O mesmo local hoje, 2014, com o cerrado destruído por um aterro e barracão.

Cerrado destruído USP 2014

 

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - 2 todos os direitos reservados (2)

 

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - 2 todos os direitos reservados (3)

 

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - 21 todos os direitos reservados.

Na década de 1940, o Professor Aylthon Brandão Joly publicou em seu doutorado na USP um estudo dos “Campos do Butantã” (de onde a vegetação dos atuais entornos da obra são remanescentes) com várias fotos das espécies que considerou na época mais importantes e significativas. Não é coincidência que são as mesmas e atualmente raras espécies hoje totalmente esquecidas e largadas no canteiro de obras. Abaixo um comparativo com as fotos originais do Prof. Joly e as tiradas recentemente:

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - 2 todos os direitos reservados (4)

 

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - 2 todos os direitos reservados (5)

 

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - 2 todos os direitos reservados (6)

 

Cerrado USP destruído pelas obras do novo centro de convenções - foto de Ricardo Cardim - 21 todos os direitos reservados

É fundamental que a atual gestão da Universidade de São Paulo – considerada a melhor instituição do Hemisfério Sul – tenha a sensibilidade de imediatamente cercar toda a área proposta e cumprir a promessa pública feita em 2011 de transformá-la em um “Museu Vivo” da História, Botânica e Cultura da cidade de São Paulo e também recuperar os trechos arrasados para a “compensação ambiental” e construção do galpão.

Ricardo Cardim

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Passeio gratuito pelas árvores do Parque Ibirapuera no VIVA MATA 2014

No VIVA MATA organizado pela S.O.S Mata Atlântica desse ano iremos participar no dia 24/05, sábado, às 10 hs, com um passeio inédito pela história, cultura e botânica das árvores e vegetação do parque mais querido de São Paulo, o Ibirapuera. Segundo a SOSMA:

“A 10º edição do “Viva a Mata: Encontro Nacional pela Mata Atlântica acontecerá entre os dias 23 e 25 de maio, das 09h às 18h, na Marquise do Parque Ibirapuera, em São Paulo. O evento celebra o Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado oficialmente em 27 de maio.

O tema da 10ª. edição é “Mata Atlântica, Sua Casa”, para sensibilizar a população a respeito da relação entre a floresta, o ambiente urbano e a qualidade de vida.

Gratuito e aberto ao público, o evento trará diversas atrações como exposições, shows, peças de teatro, palestras e debates, além das atividades interativas que acontecem nos espaços temáticos: Floresta, Mar, Bichos da Mata, Água e Ambiente Urbano.   A 10ª edição conta com uma atração inédita: um passeio guiado pelo parque, no qual o botânico Ricardo Cardim irá mostrar diferentes espécies de árvores e falar da história e importância de cada uma para São Paulo.”

viva mata

No final do passeio plantaremos 4 exemplares de cambuci, a árvore frutífera da Mata Atlântica que é símbolo da cidade de São Paulo e hoje está quase extinta. E também duas cerejeiras nativas para ajudar a biodiversidade do Ibirapuera.

Espero vocês lá!!

Ricardo Cardim

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A fragilidade da metrópole perante o verde

 

Na vastidão de concreto, pedra e asfalto que é a cidade de São paulo, é fácil pensar que a natureza perdeu a competição. Mas nada. A metrópole na verdade é muito frágil, basta ficar alguns meses sem manutenção que a natureza retoma tudo.

Esse carro abandonado em uma rua do Brooklin mostra bem isso – diferentes plantas pioneiras como gramíneas e até a jurubeba estão formando um “matagal” na movimentada via. A verdade é que se São Paulo fosse abandonada por uma década, não daria para andar sem um facão para abrir trilhas em suas ruas.

rua com vegetação em São Paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados (2)

rua com vegetação em São Paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados (1)

Um fato interessante em São Paulo sobre isso é que o hábito de preferir plantas estrangeiras no paisagismo e arborização alterou a sucessão ecológica, ou a “colonização vegetal” que virou algo com a marca humana, e pode ser conferido nesse vídeo:

Veja – A Flora reconquista seu espaço

Ricardo Cardim

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Árvores de São Paulo: o pau-cigarra em floração

 

árvores de são paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados -

Árvore que chama atenção pela forte coloração amarela de sua floração, o pau-cigarra (Senna multijuga) se destaca nas matas paulistanas nesse começo de outono. Na Serra do Mar, divide o colorido com os manacás-da-serra (Tibouchina mutabilis), criando paisagens amarelas, brancas e roxas. Na Serra da Cantareira, onde foram tiradas essas fotos, aparece geralmente sozinho pontilhando as matas.

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O pau-cigarra é uma árvore pioneira típica das florestas secundárias e capoeiras, aquelas que sofreram alterações significativas, e servem de “termômetro” para observarmos como a maioria da Mata Atlântica paulistana é formada por florestas assim, ainda muito jovens e que estão se recuperando de desmatamentos ocorridos até o século passado por causa da agropecuária, extração de lenha e carvão.

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Também é uma espécie ótima para arborização de ruas estreitas e com fiação elétrica acima, crescendo muito rápido e produzindo alimento para a fauna com suas flores.

Ricardo Cardim

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A última floresta e brejos nativos do Rio Pinheiros estão condenados a virar concreto em frente ao Parque Burle Marx no Panamby

Vista da área em frente ao Parque Burle Marx

Vista da área em frente ao Parque Burle Marx – restos de um Rio Pinheiros que já teve curvas sinuosas, brejos e muita biodiversidade

Aquilo que na verdade todo paulistano frequentador do Parque Burle Marx, no Panamby – Zona Sul, pensava que era um pedaço do querido parque repleto de Mata Atlântica não passava infelizmente de uma farsa. A área com 5000 árvores é privada e não tem nada a ver legalmente com o parque… Mais uma pegadinha para o já tão sofrido verde e qualidade de vida da metrópole. E a sentença de morte da área já parece que está anunciada com a intenção de se construir ali mais algumas torres e shopping.

Área que está sendo ameaçada de desaparecer junto com sua raríssima fauna e flora

Dentro do tracejado amarelo, a área que está sendo ameaçada de desaparecer junto com sua raríssima fauna e flora

O absurdo dos absurdos em qualquer país civilizado. A convite do advogado Roberto Delmanto,  que representa três associações de moradores da região, visitamos a área e elaboramos um laudo técnico sobre sua biodiversidade. O resultado foi totalmente surpreendente. Começou com a interessante mata ciliar (um tipo de Mata Atlântica que habita a beira dos rios, áreas alagáveis) repleta de espécies típicas das antigas margens do Rio Pinheiros quando ainda era selvagem, há cerca de 80 anos atrás. Exemplos são árvores como ingá, copaíba, jacatirão e figueira-brava.

Entre a mata, pequenos riachos cristalinos desembocavam em lagoas habitadas por peixinhos e pererecas, cercadas por brejos com plantas extintas na atual malha urbana, e tudo isso a poucos metros do poluído trânsito da  marginal pinheiros e o seu finado rio. Saindo dos brejos chega-se a um campo com várias espécies típicas dos ameaçados campos cerrados de São Paulo, como a rara língua de tucano mirim (Eryngium elegans). Em meio ao capim, assustada, uma marreca-caneleira sai de cima de seu ninho com 11 grandes ovos, pássaro aquático que já foi abundante no Rio Pinheiros. Realmente um pedaço do passado da maior metrópole brasileira, uma área que reúne diversas paisagens naturais desaparecidas pela nossa intensa urbanização.

Além de ser obviamente protegida pela legislação devido a condição do terreno com seus riachos e lagoas, nada pode autorizar legalmente ou justificar economicamente a destinação do local senão como parte do Parque Burle Marx.

Abaixo, a conclusão de nosso Laudo:

“A área avaliada contempla diversos elementos importantes da biodiversidade original da cidade de São Paulo. Entretanto, dentre esses elementos, um deles apresenta imenso valor ambiental e histórico para os paulistanos: os trechos remanescentes das várzeas e florestas inundáveis do Rio Pinheiros, únicos sobreviventes dessa formação ecológica tão dilapidada.

Preservar tal área, em sua totalidade, é de suma importância como patrimônio ambiental, cultural e histórico que constitui, e se nos espelharmos na imagem da personalidade que batizou o parque adjacente ao terreno, Roberto Burle Marx, defensor e divulgador incansável da nossa biodiversidade, torna-se ainda mais emblemático e necessário o seu tombamento e preservação para aproveitamento das atuais e futuras gerações de paulistanos.”

Ninho com 11 ovos que a marreca-caneleira está chocando na área

Ninho com 11 ovos que a marreca-caneleira está chocando na área

Desenho da marreca-caneleira, uma ave do tamanho de um pato doméstico. Fonte livro Fauna Silvestre

Desenho da marreca-caneleira, uma ave do tamanho de um pato doméstico. Fonte: livro Fauna Silvestre – Quem são e ondem vivem os animais na metrópole paulistana

Brejo natural em frente a Marginal do rio Pinheiros,  próximo aonde foi encontrado ninho.

Brejo natural em frente a Marginal do rio Pinheiros, próximo aonde foi encontrado ninho e deve ser fonte de alimento da marreca.

 

Riacho com água cristalina e peixinhos ao lado do morto Rio Pinheiros

Riacho com água cristalina e peixinhos ao lado do morto Rio Pinheiros

Lagoa com pererecas e peixes que parece ter saído de uma São Paulo de 200 anos atrás.

Lagoa com pererecas e peixes que parece ter saído de uma São Paulo de 200 anos atrás.

 

Uma surpresa: orquídea nativa das antigas florestas do Rio Pinheiros. A árvore onde ela está já tem uma demarcação com um número suspeito.

Uma surpresa: orquídea nativa sobrevivente das antigas florestas do Rio Pinheiros. A árvore onde ela está já tem uma demarcação com um número suspeito.

Uma imponente figueira-brava da Mata Atlântica, uma Ficus organensis, da mesma espécie da Figueira-das-Lágrimas e da Figueira do Largo da Memória

Uma imponente figueira-brava da Mata Atlântica, uma Ficus organensis, da mesma espécie das emblemáticas Figueira-das-Lágrimas e Figueira do Largo da Memória

língua-de-tucano-mirim (Eyngium elegans) em frente ao Parque Panamby

língua-de-tucano-mirim (Eyngium elegans) em frente ao Parque Burle Marx – planta rara típica dos antigos “Campos de Piratininga”

 

arbusto frutífero dos campos cerrados, a pixirica (Leandra lacunosa)

Um antigo sabor esquecido dos campos cerrados, o arbusto frutífero conhecido como pixirica (Leandra lacunosa)

 

Assim eram as amrgens dos rios paulistanos antes de serem sepultados sob o asfalto.

Assim eram as margens dos rios paulistanos antes de serem sepultados sob o asfalto. Só sobrou ali, nesse pequeno terreno em frente ao Parque Burle Marx, Panamby, que agora pode virar um shopping

 

Para saber mais leia a matéria que saiu no Jornal O Estado de S. Paulo de domingo:

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,empreendimentos-ameacam-emparedar-parque-burle-marx-e-cortar-5-mil-arvores,1138788,0.htm

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,areas-preservam-fauna-e-flora-de-mata-atlantica,1138696,0.htm

 

Ricardo Cardim

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4° edição do nosso curso no Green Building Council – Paisagismo Sustentável e Técnicas Construtivas para Telhados e Paredes Verdes

Caros amigos do blog “Árvores de São Paulo”, apresento a 4° edição do meu curso no Green Building Council Brasil, uma organização que tem como missão desenvolver a indústria da construção sustentável no país.

“Paisagismo Sustentável e Técnicas Construtivas para Telhados e Paredes Verdes”

Objetivo:

Apresentar conceitos e propostas para um paisagismo sustentável no Brasil, abordando a discussão sobre biodiversidade, biomas, nativas, adaptadas, invasoras, consumo de água e serviços ambientais. Preparar o aluno com conhecimentos de botânica, historia, técnicas construtivas e tecnologias para áreas verdes, dentre elas telhados e paredes verdes.

Capacitar o entendimento e a importância das áreas verdes no Green Building dentro da realidade brasileira de país megabiodiverso e seus resultados na melhora da qualidade de vida urbana e reequilíbrio ambiental.

A quem se destina:

Arquitetos, paisagistas, consultores de sustentabilidade, consultores LEED, engenheiros, construtores, incorporadores, representantes de entidades de classe, gestores públicos, estudantes, profissionais da área de meio ambiente.

Conteúdo Programático:

* História do paisagismo no Brasil;
* Biomas e biodiversidade nativa;
* Plantas invasoras;
* Paisagismo sustentável;
* Arborização, biomassa e serviços ambientais;
* Telhados verdes;
* Jardins verticais;
* Áreas verdes e paisagismo LEED na realidade brasileira.

Metodologia:

-Exposição dialogada áudio/visual
-Apostila
-Exercícios práticos com paisagismo sustentável

Professor: Ricardo Cardim

Data:  27 e 28/03/2014 09h00 às 18h00.

Carga horária:  16h

Local:Avenida Paulista, 1159 – Cerqueira Cesar – São Paulo/SP

 Para se inscrever, clique abaixo:

http://gbcbrasil.org.br/?p=educacao-detalhes&I=280

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As árvores adultas de São Paulo estão sendo cortadas em pleno verão escaldante

O antigo pau-viola, árvore nativa "Veterana de Guerra" sumariamente cortado na Praça Severiano Gomes na Granja Julieta.

O antigo pau-viola, árvore nativa “Veterana de Guerra” sumariamente cortada na Praça Severiano Gomes, Granja Julieta. Recente, já que a serragem ainda é abundante.

O mesmo pau-viola de cima, em foto de 2012. Exemplar extraordinário  da espécie em tamanho e beleza.

O mesmo pau-viola de cima, em foto para a campanha da SOS Mata Atlântica de 2012 – Veteranas de Guerra – onde acabou não participando das 20 escolhidas. Exemplar extraordinário da espécie em tamanho e beleza.

Os tempos não estão fáceis para as árvores da cidade de São Paulo. Para quem observa as árvores urbanas paulistanas como eu, andar pela cidade no último ano é uma sucessão de (más) surpresas. Mais um exemplo foi encontrar um histórico exemplar de pau-viola (Cytharexylum miriantuhm) com mais de 80 anos cortado recentemente sem maiores preocupações. Essa árvore nasceu em meio a Mata Atlântica que dominava a região de Santo Amaro até cerca de cinquenta anos atrás e era uma sobrevivente da intensa urbanização, com genética típica das extintas matas do Rio Pinheiros.

Seu lenho estava na maior parte saudável, inclusive os brotos laterais (que não foram poupados), e no centro a medula apresentava sem comprometer a sua integridade, traços de podridão e cupim – como quase todas as árvores adultas de São Paulo – e que deveria ter sido tratada, até pela sua importância, mas infelizmente não existe metodologia de combate a cupins adotada pela Prefeitura – o remédio é a derrubada. Árvores urbanas tem durabilidade, mas sua remoção ou poda devem ser feitas com critério e considerando a importância do exemplar em diversos aspectos, tanto biológico, cultural e urbano.

Parece que as constantes reclamações dos paulistanos com as quedas de árvores em todos os verões pela falta de cuidados com a arborização urbana fez o Poder Público optar pela opção mais simples: cortar, cortar, podar, podar e nada de plantar (como já alertamos no último post). O resultado é fácil de ver e de sentir, na metrópole que apresenta atualmente recordes de temperatura e secura, e ainda mais perdendo suas árvores adultas e grandes – aquelas que realmente fazem a diferença em nossas vidas urbanas.

Ricardo Cardim

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São Paulo sem plantio de árvores nessa época de chuvas, só corte, poda e postes com publicidade

 

No clima da cidade de São Paulo, a única estação boa para a prefeitura plantar árvores urbanas é nos meses de novembro a janeiro, quando chove em abundância e continuamente para propiciar o bom pegamento das mudas, aproveitando também que no verão as plantas estão em plena atividade de crescimento. Lembrando que a metrópole cinza precisa de milhares, milhões de novas árvores em suas áridas calçadas é assustador observar a total ausência de novos plantios nas ruas paulistanas nesse ano.

Em contrapartida, a prefeitura foi extremamente eficiente na instalação de centenas de relógios com propagandas em uma pseudo boa-ação urbana para o “conforto horário” dos cidadãos, que certamente interessa mais aos anunciantes e podem ser vistos por toda a malha urbana, principalmente nos bairros mais nobres.

Se realmente não houverem novos plantios nas ruas da cidade, a chance será perdida, e somente daqui a um ano teremos uma boa época novamente. Outra mau sinal que vi em excesso na arborização urbana no final de 2013 foi a intensa poda e remoção de árvores pela cidade, talvez um remédio “certeiro” do Poder Público para diminuir as reclamações dos paulistanos pelas usuais quedas de árvores no verão pela falta crônica de cuidados e prevenção. É a estratégia de matar o doente para curar a doença.

E assim, segue a maior cidade brasileira, com escassos 2,6 m² de verde por habitante, lutando pelo mais que justo Parque Augusta, perdendo árvores adultas e sem a esperança de novas mudas. Plantar propagandas e nenhuma árvore, esse parece o destino da cidade nos próximos anos.

www. portal da propaganda. com br - creditos da imagem

Cena comum nos últimos meses: calçadas áridas com propagandas disfarçadas de utilidade pública.

Alfeneiro recentemente cortado na Rua maranhão em Higienópolis. Pelas condições do lenho do toco, pode ter sido mais uma vítima da prevenção excessiva.

Alfeneiro recentemente cortado na Rua maranhão em Higienópolis. Pelas condições do lenho do toco, pode ter sido mais uma vítima da prevenção excessiva.

Ricardo Cardim

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A floração e o perfume dos alfeneiros nas calçadas de São Paulo

Nos bairros mais antigos de São Paulo as calçadas nessa época ficam com um forte perfume adocicado e agradável que lembra cheiro de madeira recém serrada, e na maioria das vezes fica difícil identificar de onde vem.

O responsável é uma árvore de origem japonesa que foi muito plantada no passado, o alfeneiro (Ligustrum sp.) de floração abundante em dezembro e bastante apreciada pelas abelhas. Essa espécie foi tão popular antigamente que recebeu o apelido de “pau de praça” já que a população estranhava o fato de ela só existir nas calçadas e praças e nunca no campo, desconhecendo que era importada.

O alfeneiro não é mais indicado para arborização urbana, por ser exótico, invasor biológico e susceptível a cupins. No seu lugar podem ser plantadas muitas árvores nativas semelhantes em porte, como a canelinha (Nectandra megapotamica).

O alfeneiro se comportando como planta invasora em ponte abandonada em São Paulo.

FELIZ NATAL E EXCELENTE 2014 A TODOS OS AMIGOS DAS ÁRVORES!!

Ricardo Cardim

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Corte de grama em praças e parques pode matar as árvores urbanas. Como proteger?

 

É comum ver nas áreas verdes da cidade a cena de trabalhadores com roçadeiras cortando o gramado entre árvores ainda jovens. É um método rápido e eficaz de resolver o problema e deixar a cidade com um aspecto melhor, mais arrumado, e aparentemente isso não prejudica em nada as plantas do parque ou praça.

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Corte de grama em uma praça paulistana

A questão fica por conta de um detalhe inusitado: esse tipo de cortador de grama geralmente chega bem perto do tronco da arvorezinha e encosta nela, na tentativa de “caprichar” o trabalho e não deixar grama alta em volta da árvore. Nesse momento, a máquina arranca em círculo a casca, fazendo algo que pode matar o exemplar e é conhecido como “anelamento”, promovendo a interrupção total ou parcial do fluxo de seiva e sequelas para a planta.

Grande parte das mudas urbanas devem morrer vagarosamente ou “não pegar” por esta causa, e não somente vandalismo ou falta de água.

Muda de árvore com feridas causadas pela roçadeira.

Muda de árvore com feridas causadas pela roçadeira.

A mesma árvore de cima agonizando

A mesma árvore da foto de cima, um guapuruvu, agonizando provavelmente por causa dos cortes. Condenada ao nanismo, deformação ou morte lenta.

Esse problema já foi percebido por outras cidades e a solução é muito simples, não exige trocar o equipamento de corte, vultosos recursos públicos ou trabalhosos coroamentos em volta da muda que a ressecam:

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Simples e barato – um pedaço de cano de pvc cortado na vertical serve de “perneira” para a muda e a protege. Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro.

Vista das mudas protegidas no Aterro do Flamengo - Rio de Janeiro.

Vista das mudas protegidas no Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro.

Em Buenos Aires, estado da arte: ym cano espaçoso para o tronco e que protegerá a planta ainda por muitos anos. reparem nas marcas deixadas pela lâmina ou fio da roçadeira.

Em Buenos Aires, o estado da arte: um cano espaçoso e resistente  para o tronco e que protegerá a planta ainda por muitos anos, fixado com duas estacas caprichadas para não sair. Reparem nas marcas deixadas pela lâmina ou fio da roçadeira – esse impacto iria para o tronco.

Para finalizar  e aplaudir o cuidado dos nossos vizinhos com as árvores urbanas, elas ganham além da "perneira" protetora do seu colo, uma coleira que afsta inimigos como insetos.

Para finalizar e aplaudir o cuidado dos nossos vizinhos portenhos com as árvores urbanas, lá elas ganham além da “perneira” protetora do seu colo, uma coleira próxima a copa que afasta inimigos naturais como insetos.

E em São Paulo, a maior cidade do Brasil?  Quando se dará tal atenção para que as nossas árvores jovens sobrevivam, promovam saúde e o dinheiro do contribuinte seja justificado?

Ricardo Cardim

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Embaúba, uma árvore que cresce muito rápido, alimenta a fauna e é ótima no paisagismo

Há exatamente um ano destampei o quintal de cimento de uma casa da década de 1940 e formei um pequeno canteiro para permeabilizar a área e torná-la mais agradável. Porém não havia tempo para esperar a tão necessária sombra e enverdecimento do local, já que começava a ficar insuportável o aumento da temperatura em novembro.

O desafio era achar uma espécie boa para espaços pequenos, com raízes profundas, que crescesse rápido e fosse nativa na vegetação original da cidade de São Paulo. Observando os trechos de Mata Atlântica sobreviventes na metrópole vi que a embaúba (Cecropia sp.) parecia atender as expectativas.

Comprei uma franzina muda de embaúba com 1,50 m e a plantei com um substrato rico em nutrientes. O resultado foi impressionante. Depois de 12 meses, a muda virou uma imponente árvore, com quase 6 metros de altura e uma ampla copa de 4 metros de diâmetro, repleta de seus frutos em forma de “mãozinhas” que atraem diversas espécies como abelhas indígenas.

A embaúba, uma espécie pioneira, pode ser ótima solução em locais ensolarados ou com meia-sombra onde precisa-se de rápidos resultados, mas tem uma vida curta (25 anos) e deve ser acompanhada de outras espécies mais longevas para um projeto mais durável. No quintal, um araçá-da-mata (Psidium cattleianum) a acompanha bem próximo, mas somente agora chegou nos 2 metros de altura. Comparando, a embaúba cresceu em um ano mais de 5 metros e o araçá somente 0,5 metro nas mesmas condições.

Quintal recém destampado em novembro de 2012, perimitndo a terra tomar sol depois de 70 anos impermeabilizada.

Quintal recém destampado em novembro de 2012, permitindo a terra receber sol depois de 70 anos impermeabilizada.

A embaúba em dezembro, um mês depois de plantada, já com as folhas mais vigorosas.

A embaúba em dezembro de 2012, um mês depois de plantada, já com as folhas mais vigorosas. No seu lado esquerdo, a muda de folhas menores é o araçá.

A mesma embaúba em novembro desse ano, com ampla copa e muita sombra e vida para o local.

A mesma embaúba em novembro desse ano, com ampla copa e muita sombra e vida para o local.

A embaúba fornece alimento e abrigo a diversos animais e aves, como a preguiça e papagaios.

Quem quiser adquirir uma embaúba ou araçá para casa, temos em nossa loja de paisagismo sustentável exemplares com 1 a 1,8 metros de altura, link:

http://www.skygarden.com.br/br/index.php/loja-skygarden

Endereço: Av. Dr. Gastão Vidigal, n° 2643, Vila Leopoldina, próximo ao CEASA e Parque Villa Lobos.

Ricardo Cardim

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Aliados do Parque Augusta

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Todos os amigos das árvores estão convidados a conhecer a nossa nova loja SkyGarden Paisagismo Sustentável!

Loja SkyGarden - 2013

Localização:

Loja SkyGarden - localização

Uma das propostas diferenciadas da Loja SkyGarden de Paisagismo Sustentável  é a venda de plantas nativas e raras, como os belos exemplares adultos da palmeirinha-prateada (Lytocaryum hoehnei), que disponibilizamos.

Essa palmeira de sub bosque da Mata Atlântica tem distribuição restrita aos arredores da cidade de São Paulo, e hoje é considerada uma espécie ameaçada de extinção devido a crescente destruição do seu habitat natural pela urbanização descontrolada (Glassman, 1987).

Palmeirinhas-prateadas em grupo de 3 cultivadas em vaso.

Palmeirinhas-prateadas em grupo de 3 cultivadas em vaso.

Detalhes dos frutos e folhas - raridade da biodiversidade da Mata Atlântica paulistana.

Detalhes dos frutos e folhas – raridade da biodiversidade da Mata Atlântica paulistana.

A reintrodução de espécies como a palmeirinha-prateada em jardins e áreas verdes paulistanas é fundamental para o resgate e maior conhecimento da espécie, ajudando a recuperar seu espaço no território e a nossa biodiversidade original. O Paisagismo Sustentável precisa prever não somente a beleza do jardim, mas principalmente a sua funcionalidade ambiental e serviços ambientais.

ESTAREMOS ABERTOS NESSE SÁBADO E DOMINGO!

Esperamos você lá,

Ricardo Cardim

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Bromélias e líquens não parasitam árvores

 

bromélias nativas da Mata Atlântica em São Paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados

Essa foto, tirada em uma grade no Parque Estadual do Jaraguá, mostra bem como as plantas epífitas não são parasitas e vivem “honestamente”. Trata-se de bromélias nativas da Mata Atlântica local, do gênero Tillandsia, que  além dos troncos e galhos de árvores, ocorrem também em grades, estruturas de ferro e fios elétricos.

Outro exemplo de formas de vida que usam a árvore apenas como suporte sem causar mal a elas são os líquens – a exemplo da foto abaixo – vivendo sobre pedras.

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Ao se deparar com esses seres nas árvores, de forma alguma os elimine. Além de não prejudicarem a planta, ajudam na biodiversidade e em importantes serviços ambientais urbanos.

Assista no link abaixo o Dr. Árvore que gravamos hoje sobre os líquens em São Paulo:

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-sao-paulo/t/verdejando/v/manchas-esbranquicadas-protegem-troncos-de-arvores-na-capital/2924344/

Ricardo Cardim

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Quantidade de áreas verdes por habitante na cidade de São Paulo

Compartilhando e ajudando a divulgar esse infográfico do jornal O Estado de São Paulo publicado em agosto de 2013 que traz um interessante “raio – X” da situação do verde na metrópole paulistana, lembrando que segundo a ONU o ideal são 12 m² de áreas verdes por habitante. Percebam que chegamos a limites como 0,35 m² na Mooca.

Fonte – Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

quantidade de áreas verdes por habitantes na cidade de São Paulo

Essa tabela de m² de áreas verdes públicas por habitante nas Subprefeituras mostra bem claro um problema – a escassez de áreas verdes na malha urbana, onde realmente os serviços ambientais fazem diferença direta à comunidade.

O município de São Paulo tem muito verde no Norte (Serra da Cantareira) e no Sul (Serra do Mar) e essas áreas, embora sejam muito importantes ambientalmente, não devem ser computadas na média de área verde por habitante na metrópole, que hoje é de 2,6 m² na malha urbana, por não estarem dentro do cotidiano de vida da população paulistana. Abaixo o documento completo da Prefeitura:

Planilha da SVMA de verde por habitante em São Paulo e outros indicadores

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Áreas verdes amplas e gramadas para lazer em São Paulo – raridade presente no Parque Augusta

 

Concerto nos gramados do Parque do Ibirapuera

Concerto nos gramados do Parque do Ibirapuera

Uma situação comum e lógica na escolha de terrenos para a criação de novos parques na metrópole é a presença de um maciço de árvores pré-existentes, principalmente aquelas remanescentes de mata nativa ou o quintal de antigas casas. Isso gerou a preservação de áreas importantes como o Parque Trianon ou Siqueira Campos, por exemplo. A legislação municipal atual já vem observando esses locais na última década, exigindo compensações e restringindo o corte de árvores adultas.

Mas um importante aspecto está sendo esquecido – a função social de áreas abertas, ensolaradas e com poucas árvores. Tais locais tem a capacidade de se tornar uma verdadeira “praia” para a comunidade, que pode sair um pouco do horizonte adensado de prédios e tomar sol, se reunir e realizar diversas atividades culturais e esportivas. Exemplo perfeito dessa situação são os extensos gramados do Parque Ibirapuera, que nos finais de semana ficam lotados.

Observando por esse importante aspecto fica clara a raridade do terreno onde a população luta pela criação do Parque Augusta. Ali está uma oportunidade única de área gramada emoldurada por densa arborização em pleno centro da maior cidade brasileira, e em um bairro com apenas 1,34 m² de áreas verdes por habitante.

O Parque Augusta tem que ser preservado integralmente – não somente as árvores – deixando seus espaços amplos e gramados, livres de sombra de edifícios e aptos a receberem as pessoas para lazer, cultura e esporte.

Amplos espaços livres  - um "respiro" em meio ao caos urbano do Centro

Amplos espaços livres no terreno do Parque Augusta  – um raríssimo “respiro” em meio ao caos urbano do Centro

Ricardo Cardim

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Avenida Santo Amaro perde sua árvore gigante, a falsa-seringueira, que foi cortada pelo Metrô

 

Em 2010, com sua copa impressionante em foto

Em 2010, com sua copa impressionante em foto do fotógrafo Jan Van Bodegraven

A mesma seringueira ontem, em foto de Marc Zablith – “serviço” quase finalizado

Mesmo a pressão popular e o agitado Movimento Seringueira Livre no Facebook e embaixo da árvore não foram suficientes para sensibilizar os construtores do Metrô a não cortar a enorme falsa-seringueira (Ficus elastica – Moraceae, espécie originária da Ásia) que vivia há pelo menos seis décadas no canteiro central da Avenida Santo Amaro perto do cruzamento com a Avenida Roberto Marinho (antigo córrego das Águas Espraiadas).

A flagra do corte noturno por Valquiria Chian

O corte de uma árvore desse porte em uma cidade com pouca e mal distribuída vegetação como São Paulo não se justifica. Somente se o exemplar tivesse sérios problemas de saúde ou desequilíbrio – o que não era definitivamente o caso. Alegar que não era uma espécie nativa também é absurdo, se lembrarmos que cerca de 80% das árvores urbanas paulistanas adultas também não são. E a moda de plantio da espécie acabou na década de 1980, sendo raríssimo ver novas mudas na malha urbana.

Caminho da destruição em fotos de Estela Carvalho e Elisa Quartim

Isso lembra a polêmica causada pelas obras do Metrô no final dos anos 1970 na construção da linha Leste-Oeste, na Praça da República, Centro. O Metrô queria derrubar o centenário Colégio Caetano de Campos, uma construção belíssima e hoje tombada. Depois de muita pressão popular o Metrô desistiu, e essa desistência não inviabilizou de modo algum a linha.

 No Rio de Janeiro a mesma pressão não funcionou, e o também belíssimo Palácio Monroe foi demolido na Avenida Central. Em pleno século XXI tais dilapidações públicas, sejam edifícios históricos ou árvores significativas não podem ser mais aceitas.

Colégio Caetano de Campos em São Paulo – quase demolido pelo Metrô.

Palácio Monroe no Rio de Janeiro – assim como a falsa-seringueira, foi derrubado sem maiores explicações para as obras do Metrô.

 

Para conhecer mais sobre a espécie derrubada:

https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2010/12/06/a-arvore-gigante-das-pracas-paulistanas/

Ricardo Cardim

 

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Homenagem ao cambuci de Santo Amaro – Dia da Árvore

O centenário cambuci de Santo Amaro

O antigo cambuci de Santo Amaro

Quando Santo Amaro ainda era um município separado de São Paulo, no começo do século passado, deve ter nascido o grande e antigo cambuci (Campomanesia phaea) que hoje luta para sobreviver na Praça Salim Farah Maluf. Atualmente transformado em lixeira por alguns, com muitos papéis e plásticos nas feridas de seu tronco causado por podas erradas, um arame o enforcando bem apertado no alto e sinais de cupins e fungos no tronco, segue resistindo ao esquecimento da Prefeitura e desconhecimento de quem passa ali.

Lata de lixo centenária

Lata de lixo centenária

Grosso arame enforcando a árvore rara.

Grosso arame enforcando a árvore rara.

A poda mal feita resultou na podridão da madeira e fungos e cupins.

A poda mal feita resultou na podridão da madeira e fungos e cupins.

Árvore hoje raríssima na metrópole – dá para contar em uma mão os cambucis adultos na malha urbana – é nativa da Mata Atlântica paulistana e produtora de saborosos frutos. Na década de 1940 a espécie foi eleita a “árvore-símbolo de São Paulo”, justamente por ter seu principal local de ocorrência onde hoje é a cidade de São Paulo e forte ligação histórica com seu povo. Sobreviveu somente no nome do bairro. Também foi assim com o bairro de Pinheiros, batizado por causa da abundância de araucárias que haviam ali.

O interessante fruto do cambuci

O interessante fruto do cambuci

No dia da árvore, lembrar de casos como o cambuci é perceber que as cidades já foram natureza, e que meio ambiente na cidade é principalmente a vegetação, e não somente temas como carbono, economia de água e reciclagem de lixo. São Paulo destruiu em menos de um século um patrimônio ambiental de florestas e cerrados e se tornou a maior cidade brasileira, e mesmo assim os seus poucos vestígios não estão a salvo. O cambuci que o diga.

Mais informações e outras árvores raras de São Paulo:

http://www.veteranasdeguerra.org/

Ricardo Cardim

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Últimas vagas para curso nos dias 26 e 27 – Green Building Council – Paisagismo Sustentável e Técnicas Construtivas para Telhados e Paredes Verdes

Um paisagismo sustentável é possível na realidade brasileira, aproveitem as últimas vagas e se inscrevam para o curso do Green Building Council Brasil para os próximos 26 e 27 de setembro em São Paulo! Informações abaixo:

Telefone:11 4191-7805 / 11 2176-3397 / 11 2176-3398

E-mail: cursos@gbcbrasil.org.br

“Paisagismo Sustentável e Técnicas Construtivas para Telhados e Paredes Verdes”

Objetivo:

Apresentar conceitos e propostas para um paisagismo sustentável no Brasil, abordando a discussão sobre biodiversidade, biomas, nativas, adaptadas, invasoras, consumo de água e serviços ambientais. Preparar o aluno com conhecimentos de botânica, historia, técnicas construtivas e tecnologias para áreas verdes, dentre elas telhados e paredes verdes.

Capacitar o entendimento e a importância das áreas verdes no Green Building dentro da realidade brasileira de país megabiodiverso e seus resultados na melhora da qualidade de vida urbana e reequilíbrio ambiental.

A quem se destina:

Arquitetos, paisagistas, consultores de sustentabilidade, consultores LEED, engenheiros, construtores, incorporadores, representantes de entidades de classe, gestores públicos, estudantes, profissionais da área de meio ambiente.

Conteúdo Programático:

* História do paisagismo no Brasil;
* Biomas e biodiversidade nativa;
* Plantas invasoras;
* Paisagismo sustentável;
* Arborização, biomassa e serviços ambientais;
* Telhados verdes;
* Jardins verticais;
* Áreas verdes e paisagismo LEED na realidade brasileira.

Metodologia:

-Exposição dialogada áudio/visual
-Apostila
-Exercícios práticos com paisagismo sustentável

Professor: Ricardo Cardim

Data:  quinta-feira 26 e sexta-feira 27/09/2013 08h30 às 17h30.

Carga horária:  16h

Local:R: Maestro Cardim, 1.170 – Paraíso – São Paulo/SP

São Paulo: 26 e 27 / 09 /2013

 Para se inscrever, clique abaixo:

http://www.gbcbrasil.org.br/?p=educacao-detalhes&I=280

 

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Novo quadro “Dr. Árvore” na campanha Verdejando da Globo

Começou hoje o Dr. Árvore no Verdejando, onde responderei as dúvidas dos telespectadores do SPTV e Bom Dia SP sobre como cultivar e cuidar das árvores. Dúvidas e denúncias podem ser enviadas no link:

Verdejando – Dr. Árvore

Participem!!

dr. árvore - globo

Ricardo Cardim

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São Paulo precisa do Parque Augusta – a última área verde do Centro

1,34 m². Essa é a quantidade de área verde total do centro de São Paulo por habitante, conforme dados da Prefeitura em 2012. Para a ONU, a quantidade aceita internacionalmente é de 12 m², ou seja quase 9 vezes mais que o disponível atualmente. Não é difícil imaginar os problemas causados na saúde e longevidade da população por essa escassez de vegetação, como ilhas de calor, poluição sonora e qualidade do ar.

Mas como um oásis,  ainda existe uma última grande área livre verde na região, com 25000 m² de gramados e bosques com diversas árvores nativas. Trata-se do “Parque Augusta” como vem sendo chamado pela comunidade dos arredores.

Em uma região totalmente construída e verticalizada, existe somente uma área verde - o Parque Augusta.

Em uma região árida, totalmente construída e verticalizada, existe somente uma área verde – o Parque Augusta (demarcado em amarelo).

Esse terreno pertence a particulares que tem o objetivo de construir dois grandes edifícios no local. Assim, voltamos para a velha história que se repete na cidade há mais de um século e é responsável pelos atuais (e ridículos) índices de verde por habitante.

 

Nos amplos espaços livres do Parque Augusta - os últimos da região - o público já está frequentando o espaço.

Nos amplos espaços livres do Parque Augusta – o último da região – o público já está frequentando o espaço.

 Depois de anos de luta da comunidade local pela criação do “Parque Augusta”, o Prefeito Haddad disse que o parque não é prioridade. Uma fala digna do século XIX, e que pode gerar um prejuízo sem volta para essa e as próximas gerações de paulistanos.

Se realmente o atual prefeito não transformar a área no “Parque Augusta” em um espaço público vital para a metrópole e deixar construir os edifícios, será um erro histórico e inaceitável. Com o novo parque teremos um espaço verde único e perene de equilíbrio ambiental na região, que persistirá por séculos e valerá muitas vezes cada centavo investido na indenização.

Cena quase surreal em pleno centro de São Paulo: uma trilha em meio a mata e passarinhos.

Cena quase surreal em pleno centro de São Paulo: uma trilha em meio a mata e muitos passarinhos.

Gigantesco exemplar de cedro-rosa, árvore da Mata Atlântica de madeira nobre no Parque Augusta.

Gigantesco exemplar de cedro-rosa, árvore da Mata Atlântica de madeira nobre, no Parque Augusta.

Detalhes históricos do terreno - muro com arcos em tijolos que faz divisa com a Rua Augusta.

Detalhes históricos do terreno – muro com arcos em tijolos que faz divisa com a Rua Augusta.

Vista do bosque, com uma embaúba no centro.

Vista do bosque, com uma embaúba no centro.

Um diferencial único no terreno é os amplos espaços que podem ser transformados em gramados, criando um "ibirapuera" em pleno centro.

Um diferencial único no terreno são os amplos espaços que podem ser transformados em gramados, criando um “Ibirapuera” em pleno centro.

Leia mais nesse link:

http://blogs.estadao.com.br/diego-zanchetta/haddad-diz-que-parque-augusta-nao-e-prioridade/

Ricardo Cardim

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Árvore da Mata Atlântica está sendo vagarosamente derrubada em São Paulo

 

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Em uma cidade que tem 80% das suas árvores de origem estrangeira, uma árvore nativa da Mata Atlântica já é exceção. Se for ainda sobrevivente da época pré-urbanização, então pode ser considerada raridade. É o caso desse camboatã (Cupania vernalis), um exemplar adulto e velho, que está na região do Largo 13 de maio em Santo Amaro.

Com diversas marcas e tentativas de derrubá-lo, parece que não conseguirá sobreviver por muito mais tempo. Conheci-o em 2010 com uma grande copa, de ampla sombra e produção de frutos apreciados pelos pássaros, e o encontrei recentemente assim: sem copa, poucos galhos e profundas marcas no tronco de machado e facão. Resistiu a urbanização à sua volta por décadas, e sem motivo algum, já que não há nada em sua volta que pudesse justificar um inimigo, está sendo eliminado.

E assim, São Paulo vai perdendo não somente seu verde, mas também sua história e biodiversidade. Certamente se houvesse mais divulgação e educação ambiental sobre a importância de exemplares nativos como esses, tais situações poderiam ser evitadas.

árvore sendo cortada em São Paulo - folhas - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados

 

árvore nativa sendo cortada em São Paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados

Para conhecer e compartilhar mais árvores sobreviventes da Mata Atlântica, conheça a campanha “Veteranas de Guerra” da SOS Mata Atlântica: http://www.veteranasdeguerra.org

 

 

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Novo vídeo-animação explica os telhados verdes e a biodiversidade nativa na realidade das cidades brasileiras

Conheça nesse breve vídeo como as cidades brasileiras podem ter telhados verdes sustentáveis adaptados a Mata Atlântica e Cerrado, em uma tecnologia sem plásticos e caixas.

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São Paulo em 1554 – a paisagem histórica dos campos naturais do Parque do Curucutu na Serra do Mar

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Após os morros florestados do horizonte, já é o mar.

Paisagem surpreendente dentro do município de São Paulo, o Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar esconde uma vegetação provavelmente semelhante à aquela que o Padre Anchieta, fundador da cidade, vislumbrou quando terminou de subir a difícil Serra do Mar há mais de 450 anos atrás. Enormes áreas descampadas entre a floresta de Mata Atlântica, quase sempre com neblinas úmidas e que combinadas ao solo pobre, formam uma região campestre, conhecidos como “campos nebulares”, que faziam também parte dos antigos “Campos de Piratininga” que nomearam São Paulo nos primeiros anos.

Dono de uma biodiversidade interessante, esses campos nativos tem curiosidades como plantas carnívoras, sempre-vivas, clúsias, orquídeas e “bonsais naturais”.  A sensação é de realmente estar muito longe da metrópole. Outro destaque é o rio Capivari, o último totalmente limpo do município segundo informação do parque, e ótima ocasião para experimentar tomar água direto do rio.

Tomando água no Rio Capivari.

Tomando água no Rio Capivari.

Araçá em forma de "bonsai" no meio dos campos.

Araçá em forma de “bonsai” no meio dos campos.

A costumeira neblina se aproximando vinda do mar.

A costumeira neblina se aproximando vinda do mar.

capim-arroz (Lagenocarpus rigidus), espécie típica nos campos

capim-arroz (Lagenocarpus rigidus), espécie típica nos campos

Planta carnívora da Mata Atlântica, a Drosera villosa.

Planta carnívora da Mata Atlântica, a Drosera villosa.

As belas flores da sempre-viva (Leiothrix flavescens)

As belas flores da sempre-viva (Leiothrix flavescens)

Há algumas décadas trás foram plantados milhares de pinus (Pinus elliotti), uma árvore estrangeira usada normalmente para reflorestamento comercial e invasora agressiva. A espécie já está amplamente disseminada nos campos naturais, colocando-os em risco e alterando a paisagem. O Instituto Florestal, responsável pelo parque, precisa urgentemente começar o manejo dos pinus.

Árvore estrangeira invasora, o pinus está ocupando os campos naturais.

Árvore estrangeira invasora, o pinus está ocupando os campos naturais.

O parque possui muitas trilhas e boa infra-estrutura com monitores. Situado a 70 km do centro, seu endereço é Rua da Bela Vista, 7090, Embura do Alto. As visitas tem que ser agendadas previamente pelo telefone 5975-2000, e são gratuitas.

Horário de funcionamento – terça a domingo, das 8:30 às 16:30.

Como chegar:

https://maps.google.com.br/maps/msie=UTF8&t=h&source=

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Ricardo Cardim

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Árvore mais antiga de São Paulo, a figueira-das-lágrimas segue totalmente abandonada pelo Poder Público

Estado atual do muro das figueiras-das-lágrimas, com a Dona Yara ao lado.

Péssimo estado atual do muro da figueira-das-lágrimas, com a Dona Yara ao lado.

 O que era para ser um grande motivo de orgulho em um país desenvolvido, ou um símbolo da História e Mata Atlântica de São Paulo, representa hoje uma vergonha para a maior metrópole brasileira. O estado da figueira-das-lágrimas, uma árvore nativa com mais de dois séculos de existência e que assistiu Dom Pedro I passar sob sua copa no distante ano de 1822, é infelizmente o resultado do total descaso por parte do Poder Público.

Com o antigo e belo muro de contenção desabando, escorado por madeiras improvisadas na calçada, sem nenhuma placa de identificação do monumento vegetal (a não ser uma diminuta dentro do terreno, que identifica a árvore errado), nada mostra a importância dessa anciã tombada por lei em 1988.

Para quem passa em frente, a sensação é de total abandono, mesmo com todos os cuidados possíveis por parte da Dona Yara, que mora ao lado há décadas e adotou a árvore como sua zeladora, defendendo-a e contando a sua história para todos que ali param e se interessam.

Certamente, um patrimônio ambiental como esse em uma cidade como Berlim ou Nova Iorque seria uma relevante atração turística, recebendo os cuidados que sua avançada idade e condição exigem, um espaço vital adequado e painéis explicativos de toda a sua história e linha do tempo. Pena, que mesmo em uma capital econômica e cultural como São Paulo, isso está aparentemente mais distante que o ano de 1822.

Aspecto da figueira-das-lágrimas nesse inverno, com poucas folhas na época como é característico da espécie Ficus organensis.

Aspecto da figueira-das-lágrimas nesse inverno, com poucas folhas na época, como é característico da espécie Ficus organensis.

Em primeiro plano, uma figueira estrangeira que foi plantada inadequadamente ao lado da anciã (no fundo) e deveria ser removida.

Em primeiro plano à esquerda, uma figueira estrangeira que foi plantada inadequadamente ao lado da anciã (no fundo) e deveria ser removida para evitar a competição por recursos como água, luz e nutrientes.

Conheça mais em outros artigos do Blog e da Campanha Veterana de Guerra:

https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2009/04/19/a-resistente-e-centenaria-figueira-das-lagrimas/

https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2010/09/20/dia-da-arvore-a-arvore-mais-antiga-de-sao-paulo/

http://veteranasdeguerra.org/

Ricardo Cardim

Endereço da árvore – Estrada das Lágrimas entre os números 515 e 530, próximo a Rodovia Anchieta, no Sacomã – Zona Sul.

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Plantas invasoras estão destruindo silenciosamente os cerrados sobreviventes em São Paulo

Cerrados preservados com seus capins nativos próximo à São Paulo. Até quando?

Cerrado preservado com seus capins nativos próximo à São Paulo. Até quando?

Quando se pensa que uma paisagem natural está protegida por uma reserva bem cercada e vigiada, é normal acreditar que está a salvo e permanecerá assim para as próximas gerações. Mas um inimigo muito poderoso e invisível para a maioria das pessoas, e até mesmo de muitos técnicos, está rapidamente eliminando a biodiversidade do cerrado como uma onda: os capins de origem estrangeira utilizados na pecuária e taludes de estradas.

Esses capins, principalmente os africanos braquiária (Brachiaria sp.) e gordura (Melinis minutiflora) quando chegam no cerrado (pelo vento, botas, pneus, esterco dos bois, etc.) conseguem rapidamente ocupar o espaço das plantas nativas por “afogamento” deixando-as sem a luz do sol e também liberando substâncias químicas que impedem a germinação de outras plantas.

Atrás, o capim braquiária ocupando o espaço do nativo, em primeiro plano.

Atrás, o capim braquiária ocupando o espaço do nativo, em primeiro plano.

O capim-gordura, de origem africana, forma uma espessa "cama" de folhas mortas, que isola a luz do solo e impossibilita a germinação e sobrevivência de outras plantas.

O capim-gordura, de origem africana, forma uma espessa “cama” de folhas mortas, que isola a luz do solo e impossibilita a germinação e sobrevivência de outras plantas. Parque do Juquery, SP.

O resultado é a substituição de centenas de espécies por uma só, e a quebra da sobrevivência não só das plantas nativas que estavam lá há milênios, mas também dos animais, que ficam sem alimentos e o habitat que elas produziam, prejudicando toda a cadeia alimentar e causando extinções em massa.

No Parque Estadual do Juquery, uma rara e extensa mancha preservada de cerrado ao lado da metrópole, a situação atual é muito grave, e se nada for feito, certamente os capins nativos desaparecerão em poucas décadas, criando um pasto artificial no lugar da insubstituível paisagem atual,  e sem valor ambiental.

Aqui o exemplo típico, o capim-gordura em toda a área emoldurado pelo braquiária

Aqui o exemplo típico, o capim-gordura em toda a área emoldurado pelo braquiária nas margens da estrada, e nem sinal do antigo cerrado, que foi eliminado. Cena comum no Parque Estadual do Juquery.

Mesmo sendo considerada pela ONU a segunda maior causa de perda de biodiversidade no planeta, a invasão biológica  ainda é negligenciada nas políticas ambientais brasileiras, e um dos preços a pagar pode ser a extinção de cerrados ainda preservados em muitos locais do Brasil, principalmente daqueles ilhados em meio a agropecuária e cidades (a realidade de grande parte das reservas). Preservar nesse caso, não é só um corpo de guardas e cercas.

Ricardo Cardim

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Natureza, paisagem original e urbana de São Paulo pelo artista Daniel Caballero

Poucos são os artistas que relacionam o meio ambiente urbano e suas questões. Daniel Caballero, artista paulistano, é um raro exemplo de conhecedor e observador das paisagens de São Paulo e seus paradoxos, transitando com fidelidade nas suas obras entre os primitivos campos-cerrados e as atuais áreas verdes urbanas na metrópole do século XXI. Na sua atual exposição “O Jardim”, o artista traz imagens e desenhos muito interessantes também do ponto de vista botânico e histórico.

Pândanos de Madagascar mesclados a orquídeas azuis e paisagens ancestrais

Pândanos de Madagascar mesclados a orquídeas azuis e paisagens ancestrais

Na exposição, vários painéis apresentam um acúmulo de antigas imagens naturalistas de diferentes épocas misturadas a fotografias atuais de plantas de jardim ornamentais, criando um forte contraste entre o passado nativo e a vegetação exótica. Em outra parte, grandes extensões de vidros foram pintadas recriando um exato cerrado típico dos antigos Campos de Piratininga e suas plantas, como a língua-de-tucano, barba-de-bode e candeias. A transparência do vidro cria uma impressão muito interessante entre o desenho  da paisagem ancestral daquele local (os Campos de Piratininga com sua vegetação agreste) e a realidade logo atrás, com a vista dos extensos jardins de plantas exóticas de todas as partes do planeta e  edificações, variando conforme o horário.

Cerrado fantasma nos vitrais.

Cerrado fantasma nos vitrais.

Ao meu ver, o principal legado ambiental do trabalho é o questionamento sobre uma paisagem que existiu durante milhares de anos no local (os campos-cerrados) com toda uma exuberância e biodiversidade própria, e que em poucos séculos desapareceu a ponto de não trazer nenhum tipo de conexão com a atual metrópole e seus habitantes. A ideia de natureza para a atual geração de paulistanos passou a ser a paisagem artificialmente implantada nas ruínas desse cerrado, composta pelas edificações, ruas e  a atual massa verde de plantas ornamentais e exóticas do paisagismo e arborização, como o pândano, que nada tem a ver com aquela paisagem original totalmente esquecida, ponto explorado pelo artista com maestria nos painéis de colagens e vitrais pintados e suas transparências através das plantas nativas, gerando a ideia de uma “vegetação-fantasma”.

A esquerda, as flores do juquiri, seguidas pelas do capim rabo-de-burro

A esquerda, as flores do juquiri, seguidas pelas do capim rabo-de-burro

Para visitar:

COMPLEXO HOSPITALAR EDMUNDO VASCONCELOS  – Vila Clementino – Rua Borges Lagoa, 1.450, tel. (11) 5080-4000. Diariamente, 24h. www.hpev.com.br

Vídeo explicativo:

 

Ricardo Cardim

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Frutas nas ruas de São Paulo – o abacateiro

 

Abacateiro florindo no centro de São Paulo nesse mês.

Abacateiro florindo no centro de São Paulo nesse mês.

O que começa muitas vezes como um simples experimento na pia da cozinha resulta em possivelmente a árvore frutífera mais abundante nas ruas e praças paulistanas, o abacateiro (Persea americana). Fruta com um caroço grande e pesado, que chama a atenção a ponto de “dar dó de jogar no lixo”, o abacateiro vai sendo plantado em qualquer espaço e acaba se beneficiando desse hábito, e hoje está em praticamente todas as áreas verdes da cidade.

Um dos métodos mais usados é o de espetar palitos no caroço, com sua “fenda” em sentido vertical e deixá-lo no centro de um copo com água, de modo que ele fique somente com a parte de baixo em contato, de onde sairá suas raízes, como na foto abaixo. Nesse tipo de germinação, ele chega a ficar com até 30 cm de altura e várias folhas, graças a grande reserva de alimento que a semente contém para o embrião. Mas em algum momento fica grande demais ou começa a amarelar, e aí… vai para a cidade.

Como surgiram quase todos os abacateiros nas ruas e calçadas de São Paulo

De tão comum, muitos acreditam que o abacateiro é brasileiro, mas na verdade ele é originário do México. Seu plantio nas calçadas e praças não é indicado por um fator “de peso” – o grande tamanho do fruto. Não é nada agradável receber um abacate maduro na cabeça ou sobre o carro estacionado. Mas independente disso, é muito interessante observar como as plantas com sementes grandes (também é o caso da manga) são as preferidas da população para mudas caseiras e plantio nas ruas.

Abacateiro de grande porte na Avenida Brigadeiro Luís Antônio

Abacateiro de grande porte na Avenida Brigadeiro Luís Antônio

Ricardo Cardim

 

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Justiça manda restaurar casarão na Av. Paulista

Repassando notícia do Jornal O Estado de São Paulo de 07 de julho, uma semana depois do nosso último post Patrimônio histórico e ambiental da Paulista, o casarão Franco de Mello segue abandonado

Luciano Bottini Filho, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO – Um dos últimos casarões da Avenida Paulista, a Residência Joaquim Franco de Mello terá de ser restaurada, de acordo com uma decisão da Justiça de São Paulo publicada na sexta-feira.

O imóvel ficou por mais de 20 anos em meio a uma batalha judicial para que o Estado indenizasse os proprietários pelo tombamento, em 1992, da edificação de 4.720 m² e 35 cômodos que se deteriorou. Agora, a conta milionária para recuperar a mansão histórica será dividida entre herdeiros, governo estadual e Prefeitura.

Vizinho do Parque Mário Covas, o palacete do número 1.919 da Paulista chegou na semana passada aos 108 anos, com “modificações sem a devida autorização, além de se encontrar em péssimo estado de conservação, prejudicando suas características originais”. A decisão da juíza Cynthia Thomé, da 6.ª Vara da Fazenda Pública, determinou que os réus apresentem em 90 dias um projeto de restauração aos órgãos de patrimônio histórico, para iniciar as obras logo após a aprovação.

Os herdeiros do palacete contestam a ação proposta pelo Ministério Público em 2009, alegando que o imóvel pertence ao Estado, depois que eles entraram com uma ação de “desapropriação indireta” – um meio de entregar de forma forçada o casarão ao governo. A justificativa era de que o tombamento esvaziou o valor econômico do bem.

A indenização aos sucessores do primeiro dono da residência, um grande cafeicultor do início do século, é de ao menos R$ 118 milhões. O pagamento já foi garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012, mas os herdeiros aguardam um precatório de mais de dez anos, segundo seus advogados.

A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) discorda. Para o órgão, os proprietários estão ainda na posse do casarão e a desapropriação só será finalizada com o depósito do dinheiro. Segundo a PGE, serão tomadas medidas legais para descontar da indenização os valores do restauro. Já a Prefeitura disse que não é “parte legítima” na ação e vai recorrer.

Enquanto o Estado não assume a conservação do antigo paço, um dos familiares ainda reside no local para abrir e fechar o imóvel todos os dias e pintá-lo periodicamente.

Multa diária. Desde 2010, a Justiça fixou uma multa diária, de R$ 5 mil, para que as reformas de emergência fossem feitas, mas nada ainda foi cumprido. Segundo a defesa dos herdeiros, isso era impossível porque não foi dada autorização dos órgãos competentes para iniciar as obras. “Ninguém sabe quantos milhões custa esse restauro”, afirmou o advogado Riad Gattas Cury.

A juíza considerou que a família tem como bancar as despesas por meio da venda do restante do patrimônio deixado em inventário e até mesmo pagar a multa e as dívidas de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Além disso, a magistrada afirmou que “a possibilidade de extrair lucro do imóvel não era totalmente inviável” e por isso eles não poderiam deixar o bem abandonado.

 

 

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Patrimônio histórico e ambiental da Paulista, o casarão Franco de Mello segue abandonado

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Há pouco mais de um ano os jornais noticiavam o que parecia ser um final feliz para a mais antiga casa sobrevivente na Avenida Paulista – o casarão do número 1919 seria desapropriado pelo Estado conforme decisão do Supremo Tribunal Federal pelo polêmico valor de 110 milhões de reais e viraria um centro cultural público. O tempo passou  e nada mudou. A construção em estilo francês, que foi tombada em 1992, continua em péssimo estado e com uso totalmente inadequado para a sua preservação. Até quando irá se manter em pé?

Construído em 1905, no primeiro lote de edificações da Avenida, essa casa inacreditavelmente sobreviveu aos constantes ciclos de demolições e construções da metrópole e também conservou em seu terreno outra raridade: árvores nativas remanescentes da antiga Mata Atlântica do Caaguassú, que outrora recobriu onde hoje está a Paulista. São exemplares de madeira-de-lei como cedros e canelas, com velhas bromélias sobre seus troncos que junto com as árvores do Parque Mário Covas, contam um pouco do rico passado natural da região.

O casarão, restaurado e transformado em centro cultural, com seu quintal unido ao parque vizinho, representaria um importante monumento histórico-ambiental da cidade que não soube preservar nem seu passado nem a sua natureza.

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Ricardo Cardim

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Protestos em todo o Brasil. Antes tarde do que nunca.

Avenida Paulista ontem, sábado. Protesto mais do que justo.

Avenida Paulista ontem, sábado. Protesto mais do que justo.

 

Primeiramente,  peço licença aos leitores por usar esse espaço para outra destinação que não a usual, mas o momento exige. Desde as Diretas Já, de 1984, que os brasileiros que trabalham, estudam e pagam seus impostos, não se manifestam nessa amplitude, cansados de tudo o que está aí.

Realmente cansou ler notícias como a do Estadão de hoje, que relata na página A3  que a Copa de 2014 custará mais caro (R$ 28 bilhões) que o somado das Copas realizadas no Japão e Coréia em 2002 (R$10,1 bilhões), Alemanha em 2006 (R$10,7 bilhões) e África do Sul em 2010(R$7,3 bilhões). Qual a “mágica” para custar tanto é fácil perceber.

Lembra uma situação que vivenciei poucos anos atrás. Na época, ainda trabalhava como dentista especialista em restauração da face através de próteses dos orgãos perdidos. Uma paciente carente foi direcionada para meu atendimento pela secretaria de saúde de um Estado do Sudeste – fato novo para mim, que não atendia convênios ou governo – para receber uma prótese de nariz. Custeada pelo Estado em questão, depois de muita burocracia a paciente foi atendida e recebeu a prótese e um suprimento de uma cola especial para retê-la na face. Essa cola é importada dos EUA via internet, e com todos os impostos e fretes, chega ao paciente custando cerca de R$ 350,00. Após um ano, a paciente ganhou na justiça o direito de receber a cola especial do Estado, e a secretaria me contatou novamente para pedir o fornecedor e comprar a cola.

Passei os contatos. Passados alguns meses, recebo outro e-mail pedindo minha opinião dos valores recebidos na licitação que a secretaria de saúde fez. Para meu completo espanto, o valor de um tubinho de cola de R$ 350,00 passou para mais de R$ 10.000,00!!!! Valor suficiente para 30 tubos de cola. Escrevi sobre o absurdo, mas o que foi feito realmente não sei. Provavelmente essa paciente recebeu o tubo de cola mais caro do mundo com o nosso dinheiro.

Independente dos prós e contras dos protestos que ocorrem em todo o país, depois de décadas de letargia aguentando fatos assim, é muito importante essa movimentação.

Ricardo Cardim

Protestos avenida paulista 2013 - passeata - movimento - foto de Ricardo cardim - direitos reservados  1

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Últimas vagas no curso Green Building Council – Paisagismo Sustentável e Técnicas Construtivas para Telhados e Paredes Verdes

Um paisagismo sustentável é possível na realidade brasileira, aproveitem as últimas vagas e se inscrevam para o curso do Green Building Council Brasil nessa quinta e sexta-feira em São Paulo! Informações abaixo:

Telefone:11 4191-7805 / 11 2176-3397 / 11 2176-3398

E-mail: cursos@gbcbrasil.org.br

“Paisagismo Sustentável e Técnicas Construtivas para Telhados e Paredes Verdes”

Objetivo:

Apresentar conceitos e propostas para um paisagismo sustentável no Brasil, abordando a discussão sobre biodiversidade, biomas, nativas, adaptadas, invasoras, consumo de água e serviços ambientais. Preparar o aluno com conhecimentos de botânica, historia, técnicas construtivas e tecnologias para áreas verdes, dentre elas telhados e paredes verdes.

Capacitar o entendimento e a importância das áreas verdes no Green Building dentro da realidade brasileira de país megabiodiverso e seus resultados na melhora da qualidade de vida urbana e reequilíbrio ambiental.

A quem se destina:

Arquitetos, paisagistas, consultores de sustentabilidade, consultores LEED, engenheiros, construtores, incorporadores, representantes de entidades de classe, gestores públicos, estudantes, profissionais da área de meio ambiente.

Conteúdo Programático:

* História do paisagismo no Brasil;
* Biomas e biodiversidade nativa;
* Plantas invasoras;
* Paisagismo sustentável;
* Arborização, biomassa e serviços ambientais;
* Telhados verdes;
* Jardins verticais;
* Áreas verdes e paisagismo LEED na realidade brasileira.

Metodologia:

-Exposição dialogada áudio/visual
-Apostila
-Exercícios práticos com paisagismo sustentável

Professor: Ricardo Cardim

Data:  quinta-feira 20 e sexta-feira 21/06/2013 08h30 às 17h30.

Carga horária:  16h

Local:R: Maestro Cardim, 1.170 – Paraíso – São Paulo/SP

São Paulo: 20 e 21/06/2013

 Para se inscrever, clique abaixo:

http://www.gbcbrasil.org.br/?p=educacao-detalhes&I=280

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Parque Municipal do Cerrado Alfred Usteri na cidade de São Paulo segue sem cuidados.

 

 

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As árvores gigantes da Mata Atlântica do Parque Estadual de Porto Ferreira

Com uma distância de pouco mais de 220 km da capital paulistana, o Parque Estadual de Porto Ferreira, situado próximo a cidade mesmo nome, conserva uma paisagem rara de ser observada nos dias de hoje: uma floresta de Mata Atlântica ainda com parte das suas antigas árvores de madeira-de-lei originais.

Até o final do século XIX e XX era comum no interior de São Paulo em direção Oeste a partir da cidade de Valinhos a presença de uma floresta de Mata Atlântica Semidecidual (uma floresta que perde parte das folhas na estação seca) que apresentava árvores gigantescas de até 50 metros de altura e alguns metros de diâmetro, alimentadas pelo fértil solo roxo derivado da rocha basalto. Essas matas, derrubadas rapidamente em menos de um século, deram lugar para o ciclo das plantações de café e depois a cana-de-açucar no Oeste Paulista, que deve o sucesso ao seu solo.

No Parque de Porto Ferreira ainda existem na beira do Rio Mogi-Guaçú, árvores seculares como jequitibás, perobas-rosa, pau-marfim, pau-alho e figueiras-bravas que resistiram não só a agricultura, mas a intensa extração madeireira do século passado. Visitar uma paisagem como essa que já cobriu o Estado e hoje é raríssima, nos faz pensar na capacidade do ser humano de mudar cenários milenares em tão pouco tempo – e que não voltam mais.

Um dos enormes jequitibás-rosa (Cariniana legalis), árvore com mais de 40 metros de altura que pode ser considerada a símbolo dessas formações florestais.

Um dos enormes jequitibás-rosa (Cariniana legalis), árvore com mais de 40 metros de altura que pode ser considerada a símbolo dessas formações florestais.

 

Figueira-brava (Ficus sp.).

Figueira-brava (Ficus sp.).

 

 

Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Árvore preticamente extinta no Estado de São Paulo na forma nativa e adulta, gerou um verdadeiro ciclo econômico com sua útil madeira no começo do século XX.

Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Árvore preticamente extinta no Estado de São Paulo na forma nativa e adulta, que gerou um verdadeiro ciclo econômico com sua útil madeira no começo do século XX.

 

Fungos da Mata Atlântica.

Fungos da Mata Atlântica.

Para visitar:

http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-porto-ferreira/

Ricardo Cardim

 

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