No último artigo falamos das dez plantas mais comuns no paisagismo brasileiro atual, todas exóticas e seguindo modas do estrangeiro, levando ao triste cenário de 90% da vegetação urbana ser de origem estrangeira. Uma velha justificativa da persistência do uso desse elenco insustentável por alguns profissionais é que não existem plantas nativas disponíveis no mercado de paisagismo. Isso não é verdade, temos várias nativas do bioma Mata Atlântica disponíveis nos viveiros. A questão é conhecer e procurar. Usar plantas nativas do local reequilibra o meio ambiente, ajuda a salvar plantas e bichos da extinção, educa para a preservação dos remanescentes naturais e ainda economiza água de irrigação, dá menos manutenção e cresce mais rápido. No Brasil, o país mais rico em espécies de plantas do mundo, é o único caminho a se seguir.
Seguem abaixo:

1. araçá piranga ( Eugenia leitonii ) – Uma árvore de casca dourada belíssima e frutos comestíveis.

2. Cambucá (Plinia edulis), a jabuticaba amarela gigante e super saborosa. Sua árvore é muito ornamental, podendo ser usada em vasos inclusive.

3. Pati ou patioba (Syagrus bothryophora) uma palmeira de estética fantástica nativa da Mata Atlântica do Espírito Santo e Bahia.

4. Palmito-jussara (Euterpe edulis). Essa elegante palmeira ameaçada de extinção da Mata Atlântica é uma enorme fonte de alimentos para pássaros e mamíferos. Na fase jovem gosta de meia-sombra e da companhia de outras plantas adensadas ao lado.

5. Palmeira de petropolis (Lytocaryum weddellianum), uma planta belíssima para ambientes internos e sombreados.

6. jerivá (Syagrus romanzoffiana) é uma palmeira muito bela, principalmente quando em grupo e sem poda das folhas mais velhas. Alimenta pássaros como papagaios.

7. pitanguinha (Eugenia mattosii), arbusto frutífero e de estética idêntica ao exótico buxinho. Produz frutos comestíveis a humanos e pássaros e forma ótimas cercas-vivas.

8. guaimbé (Philodendron bipinnatifidum), uma planta de folhas impressionantes e que vai bem em quase todos os ambientes, do sol a sombra.

9. capim rabo-de-burro (Andropogon bicornis). Um capim de fácil cultivo e manutenção com estética belíssima, ainda mais em maciços.

10. Dicorisandra ou gengibre-azul (Dichorisandra thyrsiflora), arbusto muito florido da floresta atlântica, apreciado por pássaros.
Isso é apenas uma ínfima amostra do potencial que temos nos biomas brasileiros. No dia em que usarmos apenas 1% (!!) das 50.000 espécies de plantas nativas do Brasil teremos muitas opções estéticas e sustentáveis. Lembrando que planta nativa é aquela que estava no terreno em questão antes da colonização humana, e que não tem nada a ver com fronteiras políticas, algo inventado pelo homem. Quanto mais regional, local, melhor.
Todas essas plantas são encontradas em grandes viveiros. No Ceasa de São Paulo e Campinas algumas são comuns.
Ricardo Cardim