
Os vários troncos da figueira-das-lágrimas ao centro e, na extrema direita, uma ficus plantada recentemente. Ricardo Cardim
Com o céu azul do mês de abril, resolvi finalmente conhecer a histórica figueira-das-lágrimas situada nos limites de São Paulo, perto da via Anchieta. Chegar lá não é fácil para quem não conhece, e se passar rápido corre o risco de não a vê-la. Escondida atrás de um muro gradeado de aspecto antigo, ela continua lá, lutando.
Seus inúmeros troncos apresentam marcas de uma história mais que secular, com restos ainda de cascas da antiga copa da árvore que caiu na década de 1970 e continuou a brotar até formar uma nova árvore. Seu nome vem devido a ser ali, onde ela está, o antigo limite da Cidade para a despedida dos entes queridos que seguiam pela estrada de terra de Santos até porto, como os militares na Guerra do Paraguai (1865-1870) e os estudantes da Academia de Direito no século XIX.
O viajante Emilio Zaluhar, no seu livro Peregrinação pela Província de São Paulo, de 1862, conta: “Pouco mais adiante do Ipiranga encontra-se uma belíssima figueira brava, cujos galhos bracejando em sanefas de verdura, formam um bonito dossel em toda a largura da estrada (“Caminho do Mar”). É este o sítio das despedidas saudosas. Aqui vêm abraçar-se, e jurar eterna amizade, aqueles que se separam para, em opostas direções da estrada, seguirem depois, e quantas vezes na vida, um caminho e um destino também diverso.”
Na literatura, internet e na própria placa embaixo da planta dizem ser uma Ficus microcarpa, conhecido como Figueira-benjamina ou outra espécie, a Ficus benjamina, a popular “ficus”, ambas da Ásia. Mas vendo de perto suas folhas posso assegurar que a identificação está equivocada, na verdade é uma figueira-brava, como Zaluhar afirmou, e nativa das matas paulistanas. Trata-se provavelmente de uma Ficus gomelleira, espécie de crescimento lento e longeva.
Perto dela foi plantada uma ficus estrangeira (Ficus benjamina), que hoje faz companhia à anciã e confunde quem passa em uma só massa verde. Para visitar: Estrada das Lágrimas entre os números 515 e 530, Ipiranga.
Ricardo Henrique Cardim
Ricardo,
Agradeço sua gentil resposta e aguardo seu contato.
Pedro
Boa tarde Ricardo,
cheguei até a página sobre árvores de São Paulo, procurando sobre um inventário de árvores da cidade. Tenho muito interesse em conhecer e preservar as belezas naturais dessa cidade, que na maioria das vezes só sofrem agressões por todas as partes.
Me considero privilegiada por morar no Butantã, bairro muito arborizado da cidade, quando comparado com outros.
Escrevo para saber se você poderia me esclarecer sobre o nome de uma árvore, que no presente momento está completamente florida e tem exemplares distribuídos aqui pelo Butantã, principalmente na rua principal do Shopping Butantã.
Envio o link de um blog que publicou algumas fotos, mas alí ninguém conseguiu esclarecer o nome da árvore.
http://www.rainhasdolar.com/index.php?query=outono&amount=0&blogid=1
Agradeço muito se puder atender o esse pedido.
Parabéns pelo trabalho !
Um abraço, Cecília
Tenho a impressão que é a “Três Marias” ou Bouganvílea, com as pétalas já secas…
Monika.
One of the top tree related new media. You do not need to speak Portuguese to enjoy Sao Paulo and its urban trees. A+
percebo o descaso com o patrimonio publlico no que desrespeito arvore das lagrimas, um patrimonio abandonado pelo poder publico gostaria que a prefeitura paulistana olhasse com mais carinho para este monumento que foi algo muito importante no passado, so quem ali teve a oportunidade de se despedir dos seus entes queridos pode saber.
Olá Carlos,
a figueira é um dos principais projetos de nosso trabalho, venho lutando para que se dê atenção para esse nosso monumento vegetal e se cuide melhor dela, inclusive produzindo mudas da árvore-mãe para serem espalhadas por pontos importantes da cidade para perpetur a história.
abs
Ricardo
Ricardo boa noite , sou nascido no bairro do Ipiranga e tenho 46 anos , meu pai me contava a história da Árvore das Lágrimas quando os soldados se despediam de seus familiares e partiam para a Guerra .Tenho uma idéia , porque não reconstruimos esta linda história buscando parcerias com a Prefeitura , Rede Globo , Ministério do Exercito , Historiadores do Bairro e colecionadores de carros antigos e podemos dar o valor que esta árvore merece divulgando e valorizando nosso patrimonio que temos que preservar .
Osmar, fico à disposição.
Abs
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Em Pindamonhangaba existe uma figueira que recebeu sob sua sombra, D. Pedro I e sua guarda, quando estavam indo em direção a São Paulo, para o “Grito do Ipiranga”, razão pela qual a figueira ficou conhecida por “Figueira do Imperador” e o caminho que ela sombreadeita sua sombra é a “Estrada do Ipiranga”, s SP 062, que corta o Bairro das Taipas, nesta cidade
Olá Jarbas, bela história!
Vc pode enviar uma foto dessa árvore? cardim@usp.br
obrigado,
Abraço
Ricardo
Árvores nos trazem tanta coisa positiva, no entanto percebe-se que cada vez mais árvores enormes aparecem secas, como se tivessem sido mortas…
Como podemos lutar contra isso? quem são estes arvorecidas?
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