Caaguaçu era como os índios chamavam esse morro alto onde hoje é a avenida mais famosa da cidade de São Paulo – a Paulista. Relatos de séculos atrás falam de uma floresta secular, repleta de árvores enormes de madeira-de-lei. A história deve ser mesmo verdade, a ponto de os indígenas – acostumados a vida na natureza – nomearem assim o local.
Essa floresta ainda vive em alguns trechos da atual paulista, como o Parque Trianon, que conserva algumas dessas grandes árvores originais, com destaque para os jequitibás e jatobás.

O imponente jequitibá-branco do Trianon com mais de dois séculos de idade - assistiu a metrópole crescer a sua volta.
Outro fragmento é o recente Parque Mário Covas, com seus imponentes jacarandás-bico-de-pato, madeira nobre e rara na cidade. Ao lado está o belo casarão de 1905 abandonado que deveria virar um local público e se anexar seus velhos exemplares de cedros e canelas formando um só parque. Seria um ótimo presente de aniversário para a Avenida.
Em outro trecho da Paulista tivemos neste ano uma baixa em importantes descendentes da Mata do Caaguaçu – as canelas, embaúbas, tapiás e outras que viviam no terreno da antiga mansão Matarazzo – que vai virar shopping – as que sobraram foram transplantadas e agonizam hoje desfolhadas.
Também a arborização da Paulista ainda segue tímida, com alguns exemplares novos de espécies não nativas na maioria, como o pau-ferro. Merecia ganhar também copaíbas, canelas, marmeleiros e outras espécies típicas do antigo Caaguaçu.

Em frente ao Trianon - uma surpresa - a uvaia frutificando, uma árvore típica da Mata Atlântica original. Parece que os atuais paulistanos esqueceram que esses frutos já foram muito apreciados no passado, e deixaram o pé carregado de frente a calçada.
Ricardo Cardim
Boa parte do charme da Paulista está nas relíquias e antiguidades, tanto construções como as árvores que viram a transformação do morro do Caaguaçu na avenida urbanizada e moderna que conhecemos.
Árvores como as da mansão Matarazzo deviam ser consideradas imunes ao corte por lei, assim como obras de interesse são tombadas como patrimônio histórico e cultural. Conheço um pessoal no ICMBio da Flona de Ipanema em Araçoiaba da Serra que conseguiu isso com algumas árvores da região. Será que esse processo seria muito complicado de se aplicar em São Paulo ?:
Pois é Fábio, a legislação aqui não consegue impedir obras como essas em locais que deveriam ser preservados…
abraços
Ricardo, Muito obrigado pelo trabalho! Queria saber quais árvores alem de mulungu e espotódia que os papagaios verdadeiros gostam. Vem muitos em casa (Parque Primaver, Granja Viana, Carapicuiba) para comer as favas dentro das vagens destas árvores e parece que esta ave é muito raro em São Paulo. Contatos: e-mail: james.sergeant@citi.com e tel. 4186-0749.
Uma voz solitária clamando no deserto… vai firme, Ricardo Cardim! Cada árvore nativa salva é uma vitória enorme.
Valeu Dalva!! a gente chega lá…
Que desperdício de uvaia! O pé que comprei este ano deu só cinco deliciosos frutos. Espero que os sabiás ali tenham feito melhor proveito.