Verde sustentável

Sustentável mesmo?

Sustentável mesmo?

Além da sorte, existe uma responsabilidade em vivermos no país de maior biodiversidade do planeta. É uma herança que todos nós, brasileiros, recebemos – e ainda não a entendemos muito bem ou valorizamos.

Quando se pensa em plantar algo por aqui – sejam jardins, árvores ou florestas – normalmente não há uma preocupação em pesquisar sobre o que viveu antes naquele terreno. Quais eram as plantas e bichos que estiveram ali antes da passagem do homem. E podem ter certeza que eram muitos e de complexas interações.

Hoje são várias as ações que se dizem sustentáveis, desde reflorestamentos até prédios verdes com selos internacionais, mas que de realmente sustentáveis não tem praticamente nada. E são repetidas como mantras absolutos e perpetuadas.

Legislações oficiais com listas de espécies genéricas ao extremo, paisagismo dos tais “greens buildings” repleto de plantas estranhas a vegetação nativa local… E tudo amplamente vendido como ecologicamente sustentável.

Esse tipo de descaso levou a situações absurdas como a maior parte das vegetações urbanas serem hoje de origem estrangeira e causarem ao longo do tempo  uma extinção em massa das espécies nativas, tanto animal quanto vegetal. Por isso, é sempre bom estar com um pé atrás quando ouvir sobre uma ação verde sustentável – ela pode ser verde só na cor.

Ricardo Cardim

 

 

Sobre Ricardo Cardim

Paisagista e Botânico www.cardimpaisagismo.com.br www.arvoresdesaopaulo.com.br
Esse post foi publicado em aquecimento global em São Paulo, Biodiversidade paulistana, sustentabilidade urbana e marcado , , , , , , , , , , , , , , , , , . Guardar link permanente.

4 respostas para Verde sustentável

  1. dalva disse:

    Estou acompanhando boquiaberta o “boom” imobiliário aqui da zona oeste de sp: dum dia para o outro aparece um novo espigão, dúzias de prédios ocupando o lugar de uma mata qualquer… A cidade se encontra com a periferia e não deixa nem um cinturãozinho verde. Os prédios, por sua vez, ao contornarem a “obrigatoriedade” de deixar uma porcentagem de área livre, fincam ali as medonhas palmeiras, que não fazem sombra e já vêm prontas. É o “pret-a-porter” imobiliário, é a modinha dos novos-ricos. Mata nativa? Nem sabem o que é isso…

  2. Daniel disse:

    muito pertinente seu texto – sou Arquiteto e trabalho em uma empresa que se diz “sustentável” e é tão sustentável quanto um barril de petróleo. Mas as coisas estão mudando, o mercado tem que amadurecer e prestar atenção.

    Abs
    **

  3. vinicius marson disse:

    mas me fala uma coisa, Ricardo… um argumento q sempre escuto sobre a predileção pelas exóticas na urbanização é de que estas são mais adaptadas e resistentes ao clima desgraçado da cidade. É real isso? As árvores nativas não resistem se usadas em paisagismo urbano? Ou, por outro lado, há quem esteja estudando alguma maneira de fazê-las mais vigorosas para esta finalidade?

    • Ricardo Cardim disse:

      Vinícius, ótima pergunta! Esse argumento não tem embasamento, reflete um fato cultural e a ausência de pesquisas no tema. Sempre foi mais fácil copiar do que criar. A cidade está cheia de árvore nativas vivendo muito bem dentro da malha urbana, plantadas por cidadãos ou pela natureza, e posso citar centenas de exemplos em São Paulo. O que precisamos é de uma instituição e pesquisadores com metodologia científica para avançarmos definitivamente na questão. Em SP a SVMA vem atualmente fazendo ensaios e plantios com espécies bem mais interessantes do ponto de vista ecológico do que o elenco convencional de arborização urbana. É um ótimo começo.

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