Árvores no parque mais antigo de São Paulo

 

Quando a metrópole paulistana era apenas uma pequeno amontoado de casas  sobre a colina cercada pelos rios Tamanduateí e Anhangabaú, o rei de Portugal mandou construir um campo de aclimatação ou jardim botânico nos Campos do Guaré. Isso foi no fim do século XVIII, e teria a função de adaptar plantas úteis em São Paulo (nossa predileção por plantas estrangeiras já vinha daí).

 Atualmente Parque da Luz, depois de sucessivos ciclos de prosperidade e abandono, conseguiu alcançar o século XXI muito bem preservado e na sua função principal – passeio público – seu antigo nome no começo do seculo XX.

Para quem gosta de natureza em São Paulo é uma visita obrigatória, com exemplares nativos e estrangeiros muito velhos e grande beleza. Abaixo, um breve passeio por suas árvores.

 

Pau-ferro (Caesalpinia ferrea). Acredito ser este o mais belo exemplar na cidade de São Paulo. Muito antigo, fica perto do coreto.

Árvore muito útil essa. Trata-se do Quercus suber, ou carvalho - cortiça, da Europa Ocidental. É da sua casca que vem as rolhas para vedar as garrafas de vinho. Não conheço outros exemplares em São Paulo, ainda mais com esse porte. Essas ficam ao lado da Casa do Administrador, um museu dentro do parque que vale visitar.

A casca do carvalho cortiça vista de perto.

Ipê-roxo (Handroanthus avellanedae) em plena floração ao lado da Pinacoteca do Estado.

O Parque da Luz tem palmeiras centenárias, principalmente jerivás - nativos da Cidade. Na foto, à esquerda, uma tamareira-das-canárias (Phoenix canariensis) e dois jerivás (Syagrus romanzoffiana) no meio e direita.

jatobá (Hymenaea courbaril) centenário, outro do mesmo tamanho só no parque do Trianon. No dia da fotografia uma preguiça "caminhava" por seus altos galhos.

Cedros (Cedrela fissilis) gigantescos são comuns no Parque. O da foto é relativamente jovem, mas tem a Pinacoteca como cenário.

A enorme figueira-de-bengala (Ficus benghalensis), uma árvore sagrada na Índia, sua terra natal. É a mesma espécie que cobre o restaurante Figueira, no Jardim Paulista.

Alameda de Alecrim-das-campinas (Holocalyx balansae) em frente a Estação da Luz. Essa árvore originária das matas mais secas do interior do Estado, foi trazida para a cidade por Antônio Etzel, o antigo administrador do Parque e um dos grandes responsáveis pelo atual verde urbano. Ainda existem na Cidade muitos exemplares antigos, quase centenários, como no bairro do Paraíso e Água Branca.

Uma ausência atual no Parque da Luz são as araucárias (Araucaria angustifolia), pinheiro nativo da cidade de São Paulo e que já foi abundante por ali no final do século XIX, como mostram os postais de Guilherme Gaensly.

 

Para ir: Praça da Luz s/nº Bom Retiro Tel. (0xx11) 227-3545
Horário de Funcionamento: de Terça a Domingo das 10h às 18h. Metrô Estação Luz. 

Ricardo Henrique Cardim

Sobre Ricardo Cardim

Paisagista e Botânico www.cardimpaisagismo.com.br www.arvoresdesaopaulo.com.br
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14 respostas para Árvores no parque mais antigo de São Paulo

  1. Leda Lucas disse:

    Adoro ir aí neste parque.
    Que viagem foi esta de ver as árvores e ir lendo os detalhes de seus nomes e origens!
    Parabéns Cardim.
    Leda

  2. dalva disse:

    Belo artigo, Ricardo! Eu já visitei esse parque duas vezes, e pretendo voltar com as informações que você está nos proporcionando. É um lugar cheio de charme e nostalgia… Bom para ficar sentado num banquinho no meio do canteiro de rosas, ou fazer uma caminhada ao longo da trilha de cooper, tomar um lanche na lanchonete do parque, observar os peixes dourados do laguinho, namorar bastante… Tudo ali é um charme só! l

  3. Toni disse:

    Belo post!
    Adoro o Jardim da Luz! Guardo boas recordações de quando ia, bem garoto, embarcar no trem para Catanduva, bem de manhãzinha.
    Em relação ao Pau-ferro, você já viu aquele da Praça Fernando Prestes, bem pertinho dali?

    • Ricardo Cardim disse:

      Olá Toni, sim já vi, é uma beleza… aliás estou para fazer um post sobre lá, muitas árvores raras na cidade moram nesse pedaço de verde!
      abs
      Ricardo

  4. dalva disse:

    Eu de novo! Estive lá nesse domingo 12 de dezembro e… bem, as jaqueiras estavam carregadinhas de frutos, um verdadeiro espetáculo para estes nossos olhos cansados de concreto. A lanchonete da Pinacoteca está fechada, esperando nova licitação. Pena, porque no entorno do jardim o clima é meio tenso…

    • Ricardo Cardim disse:

      Olá Dalva! é verdade o clima não facilita muito… mas ficando esperto não acontece nada e vale o passeio!

      abraços

  5. ELIZABETE V CAMPAGNARO disse:

    EU ADORO O VERDE UM LUGAR DESSE É MUITO BOM
    PRA PASSEAR E SE DEVERTI
    E CURTIR A NATUREZA QUE É TÃO BELA

  6. ELIZABETE V CAMPAGNARO disse:

    EU ADORO VERDE SÃO PAULO FICA BEM
    NO MEIO DO VERDE

  7. Eduardo Lima disse:

    Ricardo ,
    Algumas duvidas e observacoes :
    Neste domingo ,23/6/2012 ,eu e minha namorada fomos na Pinacoteca ,vimos as obras dos Artistas Viajantes do periodo Colonial , e depois visitamos o Parque da Luz .Claro que como paulistano ja conhecia o Parque ,mas foi um choque quando em casa vi novamente este artigo com esta fotografia de Guilherme Gaensly . Me veio na memoria tambem uma fotografia antiga de uma Mata cultivada de SIBIPIRUNAS na cidade de CIANORTE PR em 1962 ,veja o link ou coloque na busca por sibipiruna cianorte…
    http://www.sefloral.com.br/60003.htm
    Levando se em conta que a muitos anos cultiva se arvores brasileiras ,estas Araucarias da fotografia de Gaensly sao arvores cultivadas ou eram valiosas matrizes nativas resmascentes das antigas florestas da regiao ,ou seja ,ERAM ARVORES SELECIONADAS POR ERAS PELO CLIMA ,FAUNA E SOLO PAULISTANO ?

    • Eduardo,

      Interessante as fotos… obrigado! essas araucárias do antigo Parque da Luz eu acredito que eram cultivadas ( as matrizes de onde?) já que ali era os antigos “Campos do Guaré”

  8. Eduardo Lima disse:

    Quem sabe ,essas Araucarias da fotografia do Gaesly tenham sua origem nas `lendarias’ Araucarias de ALFRED USTERI ,registradas em 1911 (?) no que `e hoje a Avenida Paulista ?! Alias ,Usteri teve o privilegio de conhecer todos os biomas paulistanos entre eles os CAMPOS-CERRADOS que sobreviveram milagrosamente em alguns fragmentos .
    http://atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br/pagina.php?id=22

  9. Eduardo Lima disse:

    Ricardo ,
    Tenho algumas `raridades’ na minha pequena colecao :quatro exemplares do Relatorio Anual do Departamento de Botanica do Estado de Sao Paulo de F. C. Hoehne (?) . No de 1944 ,aparece no Jardim Botanico o Luehea Grandiflora(?) ,Acoita Cavalo ,arvore centenaria (com um oco na base do caule) uma`lenda viva’ da flora paulista e talvez nativo da floresta original .Neste registro de 1944 aparece isolado ,ja atualmente esta rodeado por outras arvores .E enquanto nao inventarem uma `maquina do tempo’ os relatos ,relatorios e registros fotograficos de Alfred Usteri sao as opcoes que temos para `conhecer’ a nossa natureza original ,nos que fomos excluidos da emocao de conhecer aqueles biomas .
    Entao Ricardo : me passe os dados daquele livro que voce mencionou .

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