Como todo ano, chegando julho os ipês-amarelos perdem suas folhas e começam a apresentar milhares de botões para a florada que vai de agosto até outubro. Com diversas espécies dentro do seu genêro Tabebuia, uma palavra de origem indígena, o ipê-amarelo arboriza diversas partes da cidade, sendo mais comum o Tabebuia serratifolia, presente em muitas calçadas. Resistente à poluição urbana, vive bem adaptado como árvore de cidade.
São Paulo, primitivamente localiza-se uma região de vegetação de transição entre a floresta atlântica de encosta (área da Serra do Mar) e a mata semi-decídua (Interior do Estado), e pode considerar o ipê-amarelo como nativo do território onde está a metrópole.
Ricardo Henrique Cardim
Gostaria de agradecer o artigo, estava precisando de informações sobre os ipê amarelos de SP para uma peça publicitária e vc me ajudou muito. Boa sorte para a Idéia.
SINFONIA DOS IPÊS DE SETEMBRO
Sávio Roberto Moreira Gomes
Sob invisível batuta, despertam ipês-setembro,
trajados de amarelo, branco, roxo e rosa.
Na delicada partitura de cada membro,
Passeiam pétalas em sons, versos e prosa.
Ensaiam brevemente pinceladas coloridas,
elegantes harpejos em suave adágio
em ricas escalas em oitavas sustenidas,
do Allegro ao emocionante presságio.
O maestro, Ipê-rei, Flor Nacional está atento,
repassa um Crescendo em Ária com os ipês rosa
ergue com precisão a batuta e ordena ao vento
que todos os ipês se concentrem em verso e prosa.
E, de repente, com o contraste do céu azul,
surgem ipês multicoloridos, de Minas a Goiás,
Em Santa Catarina, Fortaleza, Rio Grande do Sul,
São Paulo, Paraná, Paraíba, Sergipe, Manaus, Carajás…
São orgulhosamente ipês brasileiros em harmonia,
executando em intermezzo sua arte-flor em setembro,
mas pode por capricho, comoção ou alegria
surgir em março, maio, agosto ou dezembro.
Lhes deram nomes curiosos os homens da Ciência,
Tabebuia, da família Bignoniaceae, pau d´arco, piúna,
ipê-roxo-de-bola, ipê-rosa, mas com paciência
ele respeita os seus súditos, e sorri com o “ipê-una”!
À frente, as sensatas presenças dos ipês-mirins,
que como violinos, entoam suave fantasia,
tem como resposta um lindo naipe de clarins,
e todos os ipês respondem em harmonia.
Numa delicada valsa surgem beija-flores
ornando as copas coloridas num bailado,
agitam num frêmito as asas multicores
como se tivessem a muito tempo ensaiado.
Assim prosseguirá a rica Sinfonia,
cada Ipê-branco, ipê-rosa, ipê-roxo, ipê-amarelo,
uns fazem o canto, os metais, a percussão, o cello,
ora em pizzicato, ora em polifonia.
Novamente, em setembro, surgem os ipês
com sua sinfonia de cores em pétalas,
em finalle, voam ninfas-sementes, libélulas,
que pousam para ser ipês outra vez.
Campos dos Goytacazes, setembro de 2010
Belezas que só o Brasil orgulhosamente expõe