Em 455 anos de colonização e urbanização que geraram a maior metrópole brasileira um fato inusitado e pouco notado chama a atenção. Um terreno, em pleno núcleo da fundação de São Paulo permaneceu não construído durante todo esse tempo. O seu solo, desde a chegada de Anchieta na colina histórica entre o rio Anhangabaú e o Tamanduateí em 1554, ainda recebe os raios solares dentro de uma região onde seus vizinhos há muito estão cobertos de concreto e asfalto.
Trata-se do largo desnível que separa o Pátio do Colégio da atual Rua 25 de março, antiga região de várzeas e capoeiras do rio Tamanduateí até começo do século passado. Hoje cercado por grades, o acesso não é permitido para passear embaixo das dezenas de árvores adultas que acompanham e sombreiam o talude. Em gravuras e fotografias do século 19, ali eram os grandes quintais das casas nobres da São Paulo de Piratininga.
As árvores existentes ali não são muito antigas e refletem um pouco da história da arborização da Cidade, com muitas espécies estrangeiras misturadas as nativas. Mas trazem um verde para a paisagem tão densamente cinza do Centro histórico. Como é possivel, um grande terreno na parte mais antiga de São Paulo ter permanecido intacto por tantas gerações e à predatória especulação imobiliária tão típica de nossa história?
Ricardo Henrique Cardim
São Paulo às vezes nos surpreende com pequenas “ilhas verdes” escondidas pela cidade. Se fosse mais valorizado, o verde seria um ótimo instrumento de dar mais beleza a São Paulo, que tanto carece desse predicado.
Abraços
Incrível ter sobrado esse retalho por aí! eu passo ali direto trabalho perto e as vezes pensava naquele pedaço judiado perdido e fechado. Deviam plantar mais árvores por ali.
Parabéns por seu trabalho, continue assim.
abs
João Galdêncio
Pois é… concordo imensamente com o Ecoprático. Eu sempre via aquele trechinho de verde, encravado no turbilhão da Rua 25 de março, da Ladeira Porto Geral e redondezas… e ficava imaginando o que seria. Que milagre, sobrar um retalhinho de natureza naquele mar de asfalto. Bem pertinho dali, destruíram irremediavelmente o lindo Parque Dom Pedro. Uma lástima!
Olá Dalva,
realmente! outro dia passei por ali no Parque Dom Pedro e vi algumas palmeiras remanescentes do ajardinamento do começo do século passado ainda ali, já velhas em meio aos entulhos…uma pena estar tão abandonado.
Ricardo
Ricardo, coincidentemente nos encontramos de novo no blog “São Paulo Antiga” e ali vi um post sobre o viaduto Boa Vista. Dá uma olhadinha e vê se acaso é um outro ângulo desse teu artigo, que me veio imediatamente à memória… três anos depois de lido! É incrível pensar que essas árvores que ali estão são filhotes das mesmas árvores que sombrearam as tardes fagueiras da Marquesa de Santos etc, etc… Dalva.
O link do blog São Paulo Antiga é: http://www.saopauloantiga.com.br/viaduto-boa-vista-80/
Olá Dalva, esse blog é mesmo bacana, também gosto de visitá-lo. A figueira do viaduto é exótica, uma Ficus microcarpa, e as do sec 19 eram nativas da mata atlantica… abraços