Desde fevereiro desse ano um trabalho ambiental quase “arqueológico” acontece em um terreno na região do bairro do Ipiranga. Baseado em estudos de 1911, 1924 e 1950, tentamos recriar um campo-cerrado paulistano típico e o mais próximo possível em diversidade e número de espécies dos escassos remanescentes originais. Para isso, plantas que foram resgatadas em outubro do ano passado da destruição nas obras da Cidade Universitária da USP e outras cultivadas de sementes colhidas desde 2009 foram plantadas. Todas com a genética das populações que restaram na cidade de São Paulo.

Aspecto da recomposição dos campos-cerrados em junho de 2012. No lado inferior esquerdo da foto, uma língua-de-tucano (Eryngium paniculatum).
As dificuldades começaram na reprodução das espécies, já que várias apresentaram “segredos” de como germinar, incluindo aí algumas até agora impossíveis, como o murici-do-campo (Bysonima intermedia). Outro problema é vencer a invasão de vegetação exótica como o africano capim-braquiária, praga comum nos terrenos da cidade de São Paulo e que compete agressivamente com as plantas de cerrado.

Essa gabiroba (Campomanesia sp.) rebrotou de uma raiz desterrada por uma escavadeira na USP e agora cresce no terreno. Da população nativa original dessa espécie na malha urbana paulistana, devem existir não mais do que 30 exemplares sobreviventes.

Uma árvore nativa do cerrado e quase extinta na metrópole, o tarumã-do-cerrado (Vitex polygama) germinado a partir de sementes do Jaguaré (Zona Oeste).

A língua de tucano pequena (Eryngium sp.) que foi resgatada das obras da USP em outubro do ano passado floriu dois meses depois de replantada e algumas já estão liberando sementes.
Recompor a vegetação e dinâmica do cerrado é algo muito complicado. Trabalhos desse tipo no Brasil ainda são incipientes e raros perto de ações semelhantes com a Mata Atlântica, já bem estudada nesse quesito.
Aprender a reproduzir essa paisagem ameaçada é fundamental para a sua preservação e divulgação, ainda mais se tratando de um Bioma que quase sumiu da metrópole, e com valor histórico e biológico. Como diz o “Livro Vermelho das Espécies Vegetais Ameaçadas do Estado de São Paulo” publicado pelo Instituto de Botânica em 2007 – “Os resultados obtidos evidenciam o destaque da região abrangida pelo município de São Paulo, tanto no que se refere à grande concentração de espécies ameaçadas em todas as categorias, quanto no que se refere à quantidade de espécies já extintas … a intensa degradação ambiental que o município sofreu desde o período colonial, incluindo a remoção de florestas e a ocupação do solo de forma desordenada, com pouca ou nenhuma preocupação com a conservação dos ecossistemas naturais, especialmente os campos que, ainda hoje são negligenciados apesar de serem ecossistemas com flora particular e biodiversidade considerável.” (J. G. Rando et al.)”.
Ricardo Cardim
Nossa que trabalho fantástico! Em que lugar do Ipiranga este trabalho esta sendo feito? Moro no bairro e adoraria conhecer o trabalho.
Olá Audrey, obrigado!
Fica na empresa de telhados e paredes verdes SkyGarden, na rua Juvenal Galeno, 105, Bosque da Saúde. Visite-nos,
Abs
Vou sim Ricardo, mas no sábado tem gente por lá? Ou vocês só ficam lá durante a semana?
OLá Audrey, ficamos em horário comercial, pode nos visitar.
realmente fantástico ! parabéns !
obrigada pelo seu trabalho pois de ações práticas ou práticas boas como dizem é que se faz o mundo melhor que todos desejamos !!!
abraços com bons votos de saúde sucesso sorte alegrias e ótimas realizações sempre
Lavinia
Obrigado Lavinia, abraços do amigo Ricardo!
Que trabalho bonito, Ricardo. Quisera pudesse ser estendido a outras cidades…
Lembrei do seu blog outro dia: os ingás estão floridos no canteiro central da rodovia Miguel Nascentes Burnier, em Campinas. Mas acho pouco provável comer de seu fruto, pois a poluição naquele trecho deve ser braba…
Obrigado Yoko!! Eu até me arrisco a comer…rsrs
Ótimo trabalho!!!!
Confira o nosso post com uma reportagem da Rede Globo local, que fala sobre um laudo que atesta a saúde de uma Paineira Rosa (ao contrário do que dizia a Prefeitura de Curitiba): http://vandaloverde.blogspot.com.br/2012/06/vandalo-verde-na-rpc-tv-rede-globo.html
Abraço
Legal! Parabéns pelo trabalho! Abraços
Oi Ricardo, tudo bem?
Estamos elaborando um post sobre poda drástica e gostaríamos da sua colaboração, se possível. Sabemos pela legislação que a poda drástica é proibida, mas no que isto acarreta para a árvore? Ela pode adoecer ou mesmo morrer?
Desde já, agradeço imensamente sua ajuda!
Um abraço
Olá, tudo bem e você?
sim, ela pode morrer mesmo pela invasão de doenças e cupins – a questão é que demora alguns anos e a maioria das pessoas não percebe. Outro fator é que ela pode ficar desequilibrada e cair. Abraços
Obrigada, Ricardo!
Vamos elaborar o post e encaminhamos o link para o seu conhecimento.
Um abraço