Uma discussão estética envolve o lago da Aclimação, querido por muitos paulistanos. A questão fica por conta de alguns bancos de terra surgidos após o evento de 2009, quando o lago secou devido a um problema no dique que o forma.
Esses depósitos de terra acabaram construindo pequenas extensões de brejos, colonizados por plantas típicas de lugares alagados como as taboas, e resultando em um ambiente muito comum aos corpos de água – as várzeas. O brejo ou várzea, lamaçais cobertos por uma vegetação típica e biodiversa na natureza, estão para os lagos assim como os mangues estão para os oceanos. Servem de abrigo e local de reprodução para a fauna, principalmente aves e peixes, e ajudam a manter um ciclo saudável e natural.
O terreno original da cidade de São Paulo era repleto de brejos semelhantes aos que se formou na Aclimação, em volta dos rios Tamanduateí, Pinheiros, Tietê e muitos outros hoje desaparecidos sob o asfalto. Ter essas áreas alagadiças nos atuais lagos da cidade é uma ação excelente para os animais habitantes de nossos parques, que acabam constantemente perturbados nas margens repletas de pessoas. Deveria ser replicado no Ibirapuera, por exemplo.
Além de resgatar um “cantinho” para a biodiversidade, esses brejos podem contribuir para mudar a ideia de que o verde urbano tem que ser sempre um hermético jardim francês em plena região tropical.
Ricardo Cardim
Bacana, nunca havia pensado sobre a relação brejo-lago/oceano-mangue. E não parece nada difícil “construir” um brejinho no Ibirapuera.
A população pediu, o brejo sumiu. Podaram todas as espécies recentemente.