Continuando o tema cerrado e sua preservação, gostaria de dividir uma experiência que acredito interessante na difícil arte do cultivo de suas plantas nativas –
Árvore típica do cerrado, o pau-santo (Kielmeyera sp. – Guttiferae), apresenta o belo aspecto característico do Bioma, com troncos retorcidos e uma casca muito espessa, que se assemelha a cortiça e proporciona proteção para os costumeiros incêndios na vegetação. Na cidade de São Paulo hoje ele está provavelmente extinto, existindo um velho exemplar na Universidade de São Paulo e uma pequena população sobrevivente nos arredores do Município, dentro do parque Estadual do Juquery.
O exemplar paulistano frutificou em setembro do ano passado e liberou algumas sementes viáveis, que germinaram em outubro sem maiores dificuldades. Passados alguns meses, as 15 mudas cresciam bem e vigorosas, até que em março e abril desse ano elas começaram a ficar com as folhas amareladas e definharam até desaparecerem – sobrou só a terra. Intrigado, escavei e percebi que o caule e raiz abaixo da terra apresentavam um espessamento (algo como um pequeno xilopódio) bem úmido e vivo, mas na superfície, nem sinal de vida.
Agora, no começo da primavera, elas começaram a rebrotar vigorosamente. O interessante é que essa conhecida estratégia típica das plantas do cerrado de terem caules e estruturas subterrâneas para resistirem a época de seca e dos incêndios começa já na fase de plântula, logo depois da germinação. Quando não se sabe disso, a chance de jogar fora as mudas é bem grande. Observando fatos como esse, vemos porque o conhecimento de recomposição do cerrado está muito atrasado em relação a Mata Atlântica e, enquanto isso, enormes remanescentes desse Bioma são destruídos diariamente.
Existe um artigo científico que explica essa estratégia do gênero -clique aqui para ler o resumo (em inglês).
Ricardo Cardim
Wow! A árvore estava camuflada…
Olá Ricardo, bom dia.
Recebeu meu e-mail com as fotos?
Abs.
Parabéns Ricardo por essa matéria maravilhosa. Sou estudante da Universidade de Brasília (UnB) no curso de Engenharia Florestal. Fiquei muito contente, que por um acaso na internet achei o seu site. Realmente toda a flora encontrada no bioma cerrado é assim, fantástica!
Em períodos de muita seca, e com o aumento dos focos de incêndio( o que é normal pelo solo com alta presença de quartzo, sendo a ignição o seu reflexo em matéria combustível seco), as árvores aqui já possuem sua defesa. Inicialmente é uma tristeza ver toda a vegetação pretinha parecendo um carvão, mas como uma adaptação da vegetação para esse tipo de ação, basta a chuva cair que tudo renasce novamente. Realmente temos que ser amigos das árvores, e ver um site desse aqui, me deixa muito feliz. Obrigado por essa oportunidade de encontrarmos coisas realmente importantes na internet. Vou continuar seguindo! Abraços
Obrigado pela força Geórgia!
Abs!