Post publicado também no Blog do Planeta, da Revista Época.
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São Paulo esconde muitas surpresas na sua vegetação. Uma das minhas preferidas é a “matinha” que vive suspensa sobre o canal do rio Pinheiros. Certo dia, parado no tradicional trânsito de fim de tarde sobre a ponte do Jaguaré, reparei do meu lado esquerdo uma vistosa copa de tipuana. Do lado direito da ponte, o rio Pinheiros.
Me perguntei – Como é possível uma copa de árvore se estou sobre o meio do leito do rio? Abri a porta e vi que escondida entre as duas atuais pontes do Jaguaré existe uma pequena ponte de concreto armado abandonada, coisa da década de 1940 provavelmente, ainda intacta sobre a água e sem acesso dos dois lados .
Na estrutura, uma verdadeira floresta vicejava, com árvores de grande porte e muita vegetação. Voltei lá em outra ocasião, e pude perceber a capacidade de regeneração da vegetação sobre o concreto. Plantas estrangeiras típicas da arborização urbana e paisagismo como alfeneiros, tipuanas, jacarandá-mimoso, leucena e espada-de-são-jorge sobreviviam no raso “solo”. Germinaram ali sozinhas.
Esse é um exemplo de como ficaria São Paulo em poucas décadas de abandono, uma cidade dominada pela vegetação. Só que não seria ocupada por Mata Atlântica ou campos cerrados, a vegetação original do terreno, mas uma formação reflexo de nossas escolhas culturais, com plantas de diferentes lugares do mundo que trouxemos ao longo de décadas e se aclimataram por aqui. Seria a nossa marca indelével da civilização em um “mundo sem ninguém”.
Para ver: Ponte do Jaguaré – Zona Oeste – Acesso pela marginal do rio Pinheiros.
Ricardo Cardim
Eu também sempre me admirei daquela ponte abandonada e retomada pela natureza. É um oásis no meio do leito deserto do rio poluído.
Genial. Bela observação.
Repliquei em
http://colunas.epoca.globo.com/planeta/2010/10/05/uma-ponte-de-sao-paulo-esconde-uma-floresta-suspensa/
Olá Alexandre, obrigado!
abraços
Ricardo
Muito legal! Eu já tinha reparado também!
É a natureza dando provas de que se reinventa, se adapta, resiste, sobrevive, apesar da lógica burra que tem levado a humanidade a viver de modo caótico, num mundo cada vez mais artificial e materialista. Ela pode. Já a humanidade…
ricardo, eu morei por 20 anos no jaguaré, passava diariamente pela ponte, e sempre me surpreendia ao olhar pra essa vegetação improvável…
a natureza é admirável, né não?!
Prezado Ricardo,
Tenho tido essa mesma imaginação, de como seria lindo o Planeta dominado pelos vegetais, sem a intervenção dos humanos, mesmo quando estes têm boas intenções.
Valeu João, é intrigante pensar que não somos realmente senhores do planeta…
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ola ricardo, eu não tinha visto,achei demais parece um pedaço do paraiso.. daria para sentar na sombra da tipuana e pescar no rio [se fosse mais limpo]. uma pergunta;voçê ja fez alguma materia sobre a floresta em cima do antigo predio do banespa,atual sede da prefeitura?seria muito legal para quem nunca viu..
Olá Osvaldo, obrigado! Eu gostaria muito de conhecer em cima do banespa, mas parece que não é permitido infelizmente, seria uma excelente materia. abraços
Ricardo, boa tarde,
eu acessei o seu site/blog e eu gostaria de saber se posso reproduzir o seu artigo Uma floresta sobre o rio Pinheiros (com crédito) no site http://www.aguasdamemoria.com.br na seção Blog.
Parabéns pelo seu site, as árvores precisam muito de apoio em nossa cidade.
Att,
Juliana
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