Há mais de um século atrás, quem visitasse as praias cariocas a partir de Copacabana em direção ao sul, encontraria paisagens com uma vegetação de grande beleza que cobria os terrenos arenosos até a praia – a restinga. Em pleno domínio de mata atlântica, cactos, orquídeas, palmeiras, bromélias, araças, pitangueiras entre muitas outras espécies conviviam formando um conjunto supreendente de biodiversidade que rapidamente desapareceu.
Hoje, até a região do Recreio, em uma faixa de cerca de 30 km, quase tudo foi destruído e prédios e asfalto ocupam o terreno da restinga. Sobrou na praia de Grumari, com 2,5 Km de extensão, um testemunho de como foram as praias cariocas antes da urbanização. Ameaçada por lixo, plantas estrangeiras invasoras, oferendas religiosas, incêndios e o descaso de grande parte dos usuários, essa relíquia vegetal persiste como uma faixa verde contínua e um banco da formação ancestral.
Depois de milênios de evolução, parece que essa grande e bela restinga não passará desta década se depender da Prefeitura Carioca e os especuladores imobiliários de plantão. Um projeto que estuda a mudança de legislação poderá permitir a construção de até 11 “eco resorts” (ahahah) em áreas de proteção ambiental para a Copa de 2014 e Olímpiada de 2016 – uma desculpa que com certeza será muito usada de agora em diante.
Andando pela reserva de Grumari, os achados são muito interessantes. Pequenas pitangueiras (Eugenia uniflora) espalham-se pela areia, e entre elas, inúmeros cactos (Cereus sp.) cobertos de líquens servem de suporte para a baunilha (Vanilla sp.). As belas palmeiras conhecidas como buri-da-praia (Allagoptera arenaria), hoje sendo reintroduzidas na praia de Ipanema, estão ainda por toda parte. Mais uma vez nos perguntamos, até quando?
É o convencional progresso… mas a que preço alto! Primeiro se destrói, e depois é que vamos chorar sobre o leite derramado.
e um dia, quando a humanidade tiver uma outra consciência, vamos gastar muito dinheiro, energia e tempo para tentamos recuperar…
Verdade.
Morei 11 anos no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. Passei minha infância lá e tive o “privilégio” de ver como era gostosa essa região. Até hoje a restinga, Praia do Recreio e Grumari (onde íamos com a escola e onde tive a primeira aula de educação ambiental, no ano da Eco-92, e mostraram o primeiro jornal reciclado para mim)… éee… uma pena a especulação imobiliária e a má educação ambiental das pessoas estar destruindo totalmente a região oeste costeira do Rio.
é Leandro, será que nossos filhos e netos vão poder também aproveitar essa paisagem? Precisamos perguntar para o Eduardo Paes…
Pensando no jornal reciclado, já se passaram quase 20 anos da Eco-92 e pouca coisa mudou, mostrando como o “homem” é imediatista e depois vai chorar o leite derramado. Já nós vamos lutar pela preservação e aproveitar as belezas de nosso Planeta.
Ricardo, olha o Eduardo Paes (da qual a família é da elite carioca) sempre falou seu um “político verde”, mas quando ele é eleito vemos que devido à pressões de “grupos” da especulação imobiliária a fachada cai…
sou totalmente contra a destruição da natureza, e é isso que esta acontecendo nessa regiao.
refloresta é o caminho