A parte mais baixa da floresta apresenta ainda muitas residências e cicatrizes na mata, infelizmente algumas recentes. Sua composição de árvores nos lembra que tudo ali já foi desmatado nos séculos XVIII e XIX para plantação de café, com a abundância, para não falar predominância, da jaqueira, originária da Ásia e muito bem adaptada por ali. Major Archer, o designado por D. Pedro II para reflorestar toda a área com mais seis escravos, plantou entre as muitas espécies nativas algumas exóticas como ela, criando uma mata atlântica diferente.
Acima, uma construção aparentando ser do século XIX em ruínas no meio da mata, comprovando um outro uso passado. Conforme a altura do morro vai aumentando e o terreno ficando cada vez mais inclinado e difícil de subir, as árvores vão incrementando seu tamanho e espessura, sugerindo uma floresta onde as antigas plantações podem não ter alcançado. Cedros, jequitibás, virolas, jacarandás e palmitos aparecem, alguns com mais de 25 metros.
Mas ainda se observa algumas plantas estrangeiras invasoras e muitas árvores típicas dos estágios mais iniciais da recuperação florestal. Após algumas horas, quase no cume, a mata atlântica da Tijuca enfim mostra-se em grande pujança, com uma floresta mais madura e parecida com aquela que deve ter existido ali antes da colonização européia.
Como relatou o viajante Johann Emanuel Pohl sobre a Floresta da Tijuca em 1817: “para o europeu, a flora das cercanias do Rio de Janeiro traz encantador prazer, quase inebriante. Em seu solo nativo, com força primitiva, desenvolvendo-se colossalmente, mostram-se-lhes aqui famílias inteiras de vegetais dos quais ele apenas conhecia variedades de exemplares raquíticos e o que sua fantasia criara nos mais audazes sonhos de encantamento e pompa da flora”.
Ricardo Henrique Cardim
Linda essa jaqueira! Que foto.
Palmito jussara e embaúba-prateada completam. Realmente o Rio de Janeiro tem “segredos” bem guardados que merecem ser preservados.
Que imagem maravilhosa da natureza em seu estado mais puro! Realmente, se tivéssemos o Pico do Jaraguá entre o centro e a av Paulista… O que temos, entretanto, são aquelas cicatrizes subindo cada vez mais o morro. O poder público faz de conta que não vê, até que seja tarde demais para tirar o pobre morador de lá. O mesmo que ocorre na beira das represas…
Pois é Dalva, até quando? o Jaraguá segue infelizmente esquecido da maioria dos paulistanos…
abraços